Lula reafirma compromisso com distribuição de renda e respeito à Constituição

O presidente discursou na reunião com a presença de seus 37 ministros e ministras.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva coordena a primeira reunião ministerial de seu governo, no Palácio do Planalto

Em sua primeira reunião ministerial, realizada na manhã desta sexta-feira (6), no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ressaltou o “compromisso extraordinário” de toda a equipe do seu governo com a volta do crescimento do país, com geração de emprego e melhora da massa salarial dos brasileiros.

Reafirmando o compromisso do seu governo com a crescimento da economia, com a distribuição de renda e de riqueza, ele também cobrou respeito ao meio ambiente, às leis e à Constituição.

Destacou a “tarefa árdua e nobre” de cada um da equipe. “Porque precisamos entregar o país melhor, mais saudável, do ponto de vista da saúde, da geração de empregos, da educação e da civilidade. Esse país vai voltar a viver democracia”, afirmou.

Lula também abalizou os compromissos assumidos durante a campanha presidencial. “É possível a gente voltar a crescer com muita responsabilidade. É possível a gente voltar a crescer com distribuição de renda e de riqueza e é possível a gente gerar emprego e que garanta ao trabalhador um pouco de seguridade social”.

Indicações

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva coordena a primeira reunião ministerial de seu governo, no Palácio do Planalto

Lula afirmou que não deixará nenhum dos titulares das pastas “no meio da estrada” ao longo do governo. Disse que não tem problema com as indicações políticas, mas que será preciso ter experiência e vontade política. Anunciou ainda que os ministros terão autonomia e que terão até o dia 24 deste mês para montar seus ministérios.

“Estejam certos que eu estarei apoiando cada um de vocês nos momentos bons e nos momentos ruins. Não deixarei nenhum de vocês no meio da estrada, não deixarei nenhum de vocês. Vocês foram chamados porque têm competência, vocês foram chamados porque foram indicados pelas organizações políticas que vocês pertencem, e eu respeito muito isso”, afirmou.

Lula acrescentou que tratará os subordinados como filhos, apoiando, mas exigindo “muito trabalho”. Porém, segundo o presidente, “quem fizer errado, sabe que tem só um jeito, a pessoa será simplesmente, da forma mais educada possível, convidada a deixar o governo e, se cometeu algo grave, a pessoa terá que se colocar diante das investigações e da própria Justiça”, ponderou.

Lula garantiu o compromisso do novo governo com o empresariado brasileiro, com o pequeno e microempresário, mas também com o trabalhador. “Que ele tenha garantia de previdência, que ele tenha garantia de registro, que ele tenha a garantia de que, quando por motivo qualquer, ele estiver impossibilitado de trabalhar, o Estado garanta a ele o mínimo de segurança”, ressaltou.

O presidente criticou o estímulo ao ódio e à intolerância praticado pelo governo anterior. “Estamos de volta com o compromisso de unificar o povo brasileiro, acabar com o ódio. Não acabar com as divergências, mas fazer política de forma civilizada e unificar o Brasil em torno dos interesses do próprio país”.

Relação com o Congresso

Lula defendeu a necessária cooperação entre o Executivo e o Congresso, e o respeito à Constituição. Disse que não adianta ter um governo formado por técnicos “de Harvard”, mas que não tenham um bom relacionamento com o Congresso.

“É preciso que a gente saiba que é o Congresso que nos ajuda. Nós não mandamos no Congresso, nós dependemos do Congresso e, por isso, cada ministro tem que ter a paciência e a grandeza de atender bem cada deputado, cada deputada, cada senador, cada senadora que o buscar”, afirmou.

Lula citou os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) ao dizer que não tem assunto proibido quando se trata de avanços nos direitos para o povo brasileiro.

“Não tem veto ideológico para conversar e não tem assunto proibido em se tratando de coisas boas para o povo brasileiro. Então, eu quero que vocês saibam que vocês contem comigo porque eu tenho consciência que não é o Lira que precisa de mim, é o governo que precisa da boa vontade da presidência da Câmara. Não é o Pacheco que precisa de mim, é o governo que precisa de um bom relacionamento com o Senado. E assim nós vamos governar esses quatro anos”, afirmou.

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União e reconstrução

O presidente discursou argumentando sobre o slogan do novo governo: União e Reconstrução: “Nós não somos um governo de um pensamento único. Nós somos um governo de uma filosofia única. Nós somos um governo não apenas de pessoas iguais. Nós somos um governo de pessoas diferentes. E o que é importante é que a gente pensando diferente tem que fazer o esforço para que na construção do nosso processo de reconstrução desse país a gente pense igual, a gente construa igual”.

Educação

Lula adiantou que terá uma reunião com chefe do Ministério da Educação, Camilo Santana, para tratar da situação das 4 mil obras paralisadas. 

“Semana que vem, quero ter uma reunião com o ministro da Educação, para ver que escolas universidades, institutos vamos visitar, para entender a situação e para recuperarmos. Vamos ter que colocar a mão na massa para produzir e reconstruir, melhorando a Educação”.

Saúde

Sobre a saúde pública, Lula lembrou do grande desafio que o governo terá pela frente com a área. Indicou cuidado especial em resolver “de vez” os principais problemas das pessoas. “Essa é uma área que passa ano e entra ano e a saúde sempre está um pouco ausente daquilo que é o sonho do povo brasileiro. Chegamos a avançar, chegamos com o Farmácia Popular, o Mais Médicos, que simplesmente foi destruído. Muitas pessoas morrem sem serem atendidas pelo tal do especialista, por não ter vaga. Se nós não resolvermos esse problema, nós não estamos fazendo jus às expectativas que o povo depositou em nós”.

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Cultura

O presidente também destacou a área cultural do país que se encontra obsoleta. “O povo precisa de cultura, porque parte da violência existe pela ausência do Estado no cumprimento das obrigações. Tá faltando saúde, educação, lazer, esporte, quase tudo”, observou.

Ministros participam da primeira reunião ministerial, no Palácio do Planalto

Desrespeito do último governo

O presidente também criticou o descaso do governo Bolsonaro com a vida das pessoas durante a maior pandemia que ocorreu nos últimos tempos e a obstinação do presidente anterior em utilizar os recursos públicos segundo seus interesses eleitorais. ” [foi grande] A quantidade de dinheiro utilizado na perspectiva de perpetuar um governo autoritário, responsável pela morte de 670 mil pessoas de Covid. Por desleixo, desrespeito e ignorância do governo”, disse Lula.

Dia histórico

O presidente exaltou sua posse como dia histórico, que contou com grande participação popular. Disse que é possível transformar o sonho das pessoas em realidade. “Há muito tempo a gente não via tanta alegria, tanto sorriso estampado na fisionomia de homens, mulheres, crianças, velhos…ou seja, as pessoas parecem que estavam se encontrando consigo mesmo. E nós queremos que isso aconteça todo dia”, declarou.

Aos 37 ministros e ministras presentes, o presidente disse o que espera de seu ministério. “A nossa posse mostrou que é possível a gente fazer esse país voltar a sorrir. É possível fazer essas pessoas voltarem a sonhar. E a nossa obrigação é de transformar esse sonho em realidade. Esse é o compromisso de cada companheiro e de cada companheira que assumiu um ministério”.

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O vice-presidente, Geraldo Alckmin também fez uma fala na abertura da reunião, criticando o abuso da máquina pública praticado pelo governo Bolsonaro. “Em quase 50 anos de vida pública eu nunca tinha visto um uso e abuso da máquina pública como ocorreu nessa última eleição. O que podia e não podia ser feito foi feito para ganhar a eleição. E a resiliência, o espírito correto, prevaleceu. O povo deu uma aula”, disse.

A reunião ministerial terá continuidade ainda nesta tarde, com portas fechadas. Em pauta, as metas para os 100 primeiros dias de governo. Segundo informações da Agência Brasil, “cada ministro terá cinco minutos para expor suas prioridades”.

O presidente Lula terá agenda com todos os governadores no próximo dia 27 de janeiro. 

 Foto: José Cruz/Agência Brasil

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