Alckmin: Que venham dias de crescimento e justiça social

Vice-presidente assume novo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, toma posse como ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), no Palácio do Planalto. © Marcelo Camargo/Agência Brasil

O novo ministro da Indústria e Comércio Exterior, Geraldo Alckmin destacou em cerimônia de transmissão de cargo realizada nesta quarta-feira (4), no Salão Nobre do Palácio do Planalto, em Brasília, que “o Brasil precisa urgentemente retomar o seu protagonismo no mundo”.

O evento ocorreu com a presença de autoridades políticas, internacionais e de empresários. O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva e a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, também prestigiaram a cerimônia. O vice-presidente assume agora o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), extinto por Jair Bolsonaro e recriado pelo governo Lula.

Em seu discurso, Alckmin reafirmou o lema do novo governo: “união” e “reconstrução”. Dessa forma, o vice-presidente citou como processo essencial à reindustrialização do Brasil e à inclusão dos trabalhadores e trabalhadoras na economia. “Não são tarefas episódicas, mas uma obra de todo o governo, comprometido com um futuro melhor e mais justo para o nosso povo”.

“De reconstrução”, explicou ele, “porque depois de quatro anos de descaso, de má gestão pública e de desalinho, o presidente Lula, com acerto, determinou a recriação do Mdic como uma medida fundamental para o Brasil voltar ao caminho do desenvolvimento”.

Como esforço urgente, Alckmin mencionou a reversão do processo de reindustrialização do país para retomar o protagonismo da indústria nacional, impulsionar a geração de empregos com qualificação de mão de obra e, para isso, disse “que trabalhará incansavelmente para retomar o crescimento do país com justiça social”.

Ex-governador de São Paulo, além de vice-presidente empossado, assume ministério no governo Lula. Foto: Reprodução Youtube

 “A reindustrialização é essencial para a retomada do desenvolvimento sustentável e que essa retomada ocorra sob um único prisma que a legitima: o da justiça social”, afirmou o vice-presidente.

“A indústria é essencial, são essenciais os empregos que gera, os tributos que recolhe, a riqueza que distribui”. Neste sentido, afirmou o ministro, o impacto em seu desenvolvimento é percebido por todos os setores da economia.

O novo ministro disse que é imperativo a reversão da desindustrialização precoce ocorrida no Brasil. Apesar de representar apenas 11% do PIB brasileiro, a indústria de transformação aporta 69% de todo o investimento em pesquisa”.

Reforma tributária

Ao afirmar que a indústria responde por 29,5% da arrecadação tributária, ou seja, quase três vezes o seu peso na economia, o ministro defendeu uma reforma tributária justa, com aumento da produtividade.

“Reforma tributária, neste contexto, é fundamental”.

Segundo Alckmin, em visitas que realizou na época da campanha em fábricas de São Paulo, ao lado dos agora ministros, Fernando Haddad (Economia) e Márcio França (Portos e Aeroportos), ouviu de empresários a necessidade da simplificação tributária. Para o novo ministro, o Brasil é socialmente injusto e economicamente desajustado.

“O momento nos impõe trabalharmos incansavelmente pelo emprego, pela distribuição de renda, em apoio a indústria, ao comércio e o setor de serviços.

Investimentos em ciência, tecnologia e inovação

Para tanto, Alckmin afirmou que o ânimo deve ocorrer em conjunto por todo o governo e que será preciso ampliar a sinergia desses esforços. Para ele, a política de ciência, tecnologia e inovação deve atuar em parceria com a política de comércio exterior, citando, neste contexto, o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, assumido pela presidenta do PCdoB, Luciana Santos. “Sabemos que poderemos contar com a nossa ministra”, exaltou.

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Para o vice-presidente, o Brasil precisa investir altos valores em inovação e pesquisas, “em modernas tecnologias que poderá integrar as categorias globais”, disse.

Para isso, o ministro afirmou que o Brasil deve elaborar uma política moderna de desenvolvimento industrial. “Que essa política seja objeto de avaliação apropriada e continuada no tempo. Não haverá projetos e programas eficazes elaboradores à revelia do setor produtivo. É na boa política que resultará o programa de reindustrialização”, considerou ele.

Para ele, a reversão da desindustrialização reclama por uma clara política de competitiva industrial contemporânea.

“Há muito que ser feito para o Brasil na “Indústria 4.0”, pois muito deixou de ser feito, criticou.

Crescimento econômico

“O Brasil não pode prescindir da indústria se tiver ambições de alavancar o crescimento econômico e se desenvolver socialmente. Ou o Brasil retoma a agenda do desenvolvimento industrial ou não recuperará um caminho de crescimento sustentável, gerador de empregos e distribuidor de renda”.

Alckmin criticou medidas econômicas do governo Bolsonaro que levaram ao encolhimento do país nos últimos anos. “Infelizmente, a indústria de transformação tem perdido participação no PIB o que prejudica o crescimento economia e nos impõe uma indesejada e cara estagnação”.

Desenvolvimento com sustentabilidade

O ministro anunciou que o novo Mdic contará com uma secretaria de desenvolvimento verde que trabalhará em conjunto com a ministra Marina Silva, do Meio Ambiente. “Na agenda da sustentabilidade é fundamental para o desenvolvimento do Brasil. A sustentabilidade é ponto de partido de toda a política industrial”, afirmou.

Alckmin informou também que o seu ministério terá em sua estrutura, a Câmara de Comércio Exterior (Camex), Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O vice disse que o Brasil “de agora” dará exemplos positivos, enfrentará os riscos de maneira construtiva e propositiva.

Concluindo o seu discurso, o vice reafirmou seu compromisso “inabalável” com Lula.

“A nossa união, Lula, não é episódica. A nossa união é por um país, por um povo e por seu direito de viver num regime democrático e num país verdadeiramente produtivo. Tenha em mim, presidente Lula, aquele em que o senhor poderá confiar sempre a primeira e mais árdua missão. Porque é inabalável o meu compromisso com o senhor, o seu governo e o nosso país”.

Confira a seguir a íntegra do pronunciamento:

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