O povo originário Yanomami

Eu realmente tenho me preocupado mais, pelo menos em acompanhar essa batalha em torno da salvação da cultura e da própria vida yanomami.

Povo Yanomami e sua cultura vivem ameaça de extinção l Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Eu falei a meu neto Victor Mendes que estava lendo o livro de Hanna Limulja “O desejo dos outros – uma etnografia dos sonhos yanomami”, e ele me respondeu: “É, eles estão na moda”. Fiquei triste em ouvir isso de um neto que hoje já é um bom advogado. Claro que os Yanomamis não estão na moda. Todos estão falando neles simplesmente porque todos sabem que se Bolsonaro tivesse sido reeleito, os yanomamis no fim deste ano estariam extintos, vítimas do genocídio praticado pelo então governo. Agora com toda a ação que o governo Lula está praticando não serão extintos, mas certamente ainda correm o risco de serem extintos como povo autônomo, e sobreviverão totalmente assimilados pela cultura nossa dos brancos. É verdade que não será a cultura branca, pois a nossa cultura é, como já estudou Gilberto Freyre, miscigenada.

Eu realmente tenho me preocupado mais, pelo menos em acompanhar essa batalha em torno da salvação da cultura e da própria vida yanomami. E me liguei a esse aspecto da cultura deles, que é a forma específica de como interpretam os sonhos. E a antropóloga Hanna Limulja com a entrevista que deu a Mário Sérgio Conti deve ter mostrado a muitos o seu trabalho. E hoje assisti a uma aula que Hanna praticou na Faculdade de Psicologia da PUC de Minas Gerais sobre o seu trabalho. Já li mais ou menos um quarto do seu livro. Na primeira parte, ela faz uma boa apresentação do livro do yanomami Davi Kopenawa, que é xamã, mas vive bem já no país brasileiro aberto e lançou o livro “A queda do céu”.

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Uma diferença que é colocada entre a forma de sonhar dos ‘brancos’ e dos yanomamis é que nós só sonhamos com nós mesmos. E me lembrei de um sonho meu que aconteceu ontem. Eu estava numa catedral católica onde havia uma cerimônia social, uma festa com a igreja cheia. E de repente me encontrei com meu filho Luiz Cláudio vivo. Mas um pouco depois parei num banco e em frente a mim apareceu uma senhora jovem, que me perguntou: “você é irmão de Cláudio?”. Eu concordei. Mas de repente apareceu atrás de mim meu pai Severino. E a senhora falou para ele: “Olá, Ino”. A moça realmente era minha tia, irmã de minha mãe Guiomar. Mas a cerimônia acabou e eu começava a sair. Mas uma menininha de uns 2 anos veio para mim e eu a coloquei no braço e ela pareceu querer ficar comigo e não com sua tia e irmã. Davi diz que quando nós sonhamos com alguém próximo é que essa pessoa quer estar com a gente.

Olinda, 15. 02. 23

Desfile do Homem da meia-noite no Carnaval do Olinda l Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Carnavalesca flor

Na madrugada da segunda-feira sinto frio
Mas ainda falta uma semana para o carnaval
E minha amiga Rachel Rangel se prepara
Para a folia no dia 14 às 18 horas

Quando eu tinha 30 e poucos anos
Eu acompanhava o Homem da Meia-Noite
Na rua do Amparo com alguma amiga
Para assim descobrir a alma de Olinda
E não porque gostasse da folia

Como durmo o dia todo
Não consigo dormir à noite
Também não encontro companhia
A não ser dos repórteres da GNews
Eles são gentis e bonitinhas

É difícil viver principalmente
Depois dos noventa anos

Embora que existam muitas formas
De alegria
Porém o mais complicado
É como se encontrar com o mundo
Estar aqui em Olinda é trivial
E maravilhoso
Embora o som das Virgens lá na avenida
Pareça mais uma zoada rasteira
Do que uma música de carnaval
Tenho medo de certos sons que ouço
E muita alegria com outros encantos
Bom mesmo é Alceu Valença dizendo
Não faço o que me mandam
Mas sim o que eu quero fazer

Olinda, 13. 02. 23

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