Direções do PT e PMDB são favoráveis a revezamento na Câmara

O PT elegeu a maior bancada parlamentar – 70 deputados federais – para a legislatura 2015-2018. O PMDB tem a segunda maior bancada, com a eleição de 66 deputados. Pelo acordo firmado anteriormente entre os dois partidos, a Presidência da Câmara deve ser ocupada em sistema de revezamento. Com a saída de Henrique Alves, do PMDB, no próximo biênio 2015-2016, o cargo deverá ser ocupado por um petista.

PT e PMDB aprovam revezamento na Presidência da Câmara - Agência Câmara

O acordo vem sendo cumprido pelos dois partidos, mesmo no ano passado, quando o PMDB liderou as duas Casas – a Câmara com Henrique Alves e o Senado com Renan Calheiros. E vem sendo defendido pela cúpula do PMDB, pelo PT e os demais partidos aliados ao Governo.

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Na semana passada, após reunião como a presidenta reeleita Dilma Rousseff, o vice-presidente Michel Temer, vice-presidente da República e presidente nacional do PMDB, adiantou que defende a manutenção do acordo de revezamento entre o PT e PMDB no comando da Câmara.

“Esse acordo deu certo para o Congresso, deu muita harmonia interna para o Congresso e deu muita harmonia na relação com o Poder Executivo. O Congresso vai discutir isso, mas eu volto a dizer, deu bons resultados lá no Congresso”, avaliou.

A declaração de Temer desmente o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) que, aproveitando-se dos ânimos acirrados entre os partidos após o resultado das eleições presidenciais, antecipou a campanha para sucessão na Câmara, lançando-se candidato.

O líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho (SP), também se manifestou sobre o assunto, enfatizando que “existe aqui na Casa um entendimento de rodízio entre os maiores partidos para a Presidência da Câmara. Nosso partido continua sendo a maior bancada. Hoje, a Presidência está com o PMDB. Então, nada mais natural que ela venha para a Bancada do Partido dos Trabalhadores no biênio 2015-2016”, defendeu.

Para colocar a candidatura na mídia, Eduardo Cunha conseguiu ser aclamado pela bancada do PMDB na Câmara como candidato à presidência da Casa, três meses antes da eleição. A eleição para Presidente da Casa só acontecerá em fevereiro de 2015, quando os novos deputados tomarem posse.

O jogo ainda não começou

Um deputado petista experiente disse à Agência Reuters que o peemedebista pode sofrer os efeitos de antecipar o processo eleitoral e negociar com bancadas que não representam a configuração da Câmara no próximo ano. "Ele está sendo esperto, mas não inteligente. O jogo ainda não começou e ele pode se cansar antes do início da partida", afirmou o deputado sob condição de anonimato.

A estratégia da bancada peemedebista da Câmara ocorre à revelia da cúpula do PMDB. Além de não ter a simpatia da presidenta reeleita Dilma Rousseff, Cunha também não tem boas relações com o vice-presidente Michel Temer. Os analistas políticos não apostam no êxito da empreitada de Cunha para atrair os partidos de oposição, em meio a um clima de insatisfação pós-eleição. O PSDB também não vê com simpatia a candidatura de Cunha.

Assistindo aos movimentos

Até agora, governo e PT estão apenas assistindo aos movimentos de Cunha, mas o assunto deve entrar na pauta do Partido esta semana. Na reunião da bancada, nesta terça-feira (4), os parlamentares petistas vão discutir o assunto; no mesmo dia que Cunha anuncia reunir líderes de bancadas aliadas insatisfeitas com o governo e de partidos de oposição para garantir apoio ao seu projeto.

Os partidos mais articulados da oposição na Câmara, PSDB, PSB e DEM ainda não fecharam suas estratégias para a sucessão na Câmara. PSDB e DEM cogitam lançar uma candidatura, mas podem aderir a Cunha, caso ele se transforme num candidato de oposição ao governo. O líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA), é um dos cotados para concorrer.

O PSB, que pretende ficar na oposição no Congresso no ano que vem, pensa em lançar um candidato também para marcar posição e demonstrar que não fará oposição atrelada às pautas do PSDB e do DEM. Se isso ocorrer, o nome mais forte da bancada seria o deputado Júlio Delgado (MG), que já concorreu na eleição passada à presidência da Casa.

De Brasília
Márcia Xavier
Com agências