O Dia Mundial do Refugiado, cheio de aflições

Nessa quarta-feira (20) comemora-se o Dia Mundial do Refugiado, e o tema é solidariedade. A data é importante para chamar a atenção para um tema de urgência nos tempos atuais; contudo, relembra também problemas relacionados ao auxilio dessas famílias, e a falta de solidariedade de alguns países

refugiados

Nesse momento, mais de 2 mil crianças já foram separadas de seus pais imigrantes na fronteira do México com os Estados Unidos, devido a política de "tolerância zero" da administração de Donald Trump com a imigração ilegal. Devido a essa política, todo imigrante que entrar no país sem documentação é considerado criminoso, e por isso os agentes norte-americanos retiram seus filhos. 

Na Europa, mais uma vez foi aceso o debate das políticas para receber imigrantes e refugiados, após a Itália se recusar a receber um barco com mais de 600 pessoas, que posteriormente abarcou na Espanha. Angela Merkel está brigando com seu aliado histórico, a CSU, que é contra a política da chanceler e a favor de restringir a entrada de imigrantes no país. 

Nesse dia de conscientização, o governo de extrema-direita da Hungria  aprovou um pacote legislativo que torna crime prestar auxílio a quem entre no país sem documentos legais – mesmo que para pedir asilo. Na última semana, Itália, Áustra e Alemanha disseram estar supostamente formando um eixo para combater a imigração. 

Com esse cenário complicado, essa quarta-feira é o Dia Mundial do Refugiado. Atualmente, ao redor do mundo, 68,5 milhões de pessoas estão deslocadas de seus lares, vítimas de conflitos, perseguição, violência e desastres naturais.

"Hoje é um dia para mostrar a nossa solidariedade com os refugiados e com as comunidades que os acolhem. Um novo modelo baseado em equidade e justiça, bem como em valores e padrões humanitários, está sendo testado e produzindo resultados positivos. Os países e comunidades anfitriãs devem receber apoio mais sistemático e de longo prazo para assumir a tarefa de ajudar as famílias deslocadas. Os próprios refugiados precisam ser incluídos em suas novas comunidades e ter a oportunidade de desenvolver seu potencial. Além disso, são necessárias soluções para ajudar os refugiados a voltar para suas casas quando as condições permitem ou para reconstruir suas vidas em outros lugares. O Pacto Global sobre Refugiados, cuja adoção está prevista para este ano, visa atingir esses objetivos", afirmou hoje, em nota, Filippo Grandi, alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados (ANCUR).

O Papa Francisco também se pronunciou, criticando a separação de crianças de seus pais na fronteira dos EUA e defendendo os imigrantes que vão para a Europa em busca de uma vida melhor. Francisco relembrou que uma das causas da imigração é a ganância de empresas europeias que exploram o continente africano sem distribuir a riqueza com a população local.

Sistema internacional de proteção

Segundo a ONU, a proposta do pacto, que deve ser concluída até o fim deste ano, é superar as falhas no sistema internacional de proteção, garantindo um apoio mais consistente e igualitário às comunidades de que recebem os deslocados. Um dos pressupostos é fortalecer os sistemas nacionais de saúde e educação desses países para dar assistência a quem chega.

A ideia substituiria práticas vigentes, que colocam refugiados em campos e criam redes paralelas de serviços. A proposta parte do princípio de que os refugiados podem continuar a aprender e desenvolver habilidades para sustentar suas famílias, enquanto estão em situação de refúgio e reconstruir suas vidas ao retornarem aos seus países de origem.