Papa critica separação de crianças nos EUA e defende imigrantes na UE

O papa Francisco criticou a política de “tolerância zero” contra a imigração da administração de Trump nos Estados Unidos que resultou na separação de pais e filhos na fronteira do país com o México; as cenas que tem sido divulgadas mostram crianças desesperadas por estarem longe dos pais e em alojamentos pouco confortáveis, chocando o mundo todo

Papa Francisco - Divulgação

Em uma rara entrevista, concedida à agência Reuters, o pontífice da Igreja Católica disse estar ao lado dos bispos americanos, que emitiram comunicados no início do mês condenando as ações junto de outros líderes religiosos do país. “Estou do lado dos bispos”, disse Francisco, “a separação de crianças de seus pais é contrário aos valores católicos e imoral”.

Há cerca de seis semanas, a mando do procurador-geral dos EUA, Jeff Sessions, agentes de imigração passaram processar criminalmente todas as pessoas que tentassem cruzar a fronteira sul do país, detendo adultos em prisões e crianças em abrigos do governo. Desde então, cerca de 2 mil crianças foram separadas de seus pais, um resultado que está sendo visto pela comunidade internacional como preocupante.

Na última semana, ONU e Unicef emitiram comunicados críticos ao presidente, lembrando que a Associação Americana de Pediatria teme que esse trauma gere danos irreversíveis para as crianças. Até mesmo a primeira-dama, Melania, se manifestou sobre o assunto, pedindo que os EUA “governem com o coração”.

Trump, por sua vez, avaliam fontes próximas do presidente, está tentando usar essa medida para conseguir aprovar no Congresso duas propostas de reforma para o sistema de imigração. Ambas, em última instância, resultam na construção do muro na fronteira mexicana, uma de suas promessas de campanha mais famosas. A manobra foi classificada pelo jornal americano The New York Times como uma “chantagem política grotesca”.

Trump se elegeu com o discurso de combater a imigração a todo o custo. Para o Papa, que criticou o presidente norte-americano, os políticos populistas estão exagerando sobre o assunto: "Alguns governos têm trabalhado nisso [o recebimento d eimigrantes] e as pessoas devem ser assentadas da melhor maneira possível, mas provocar psicose não é a cura. Populismo não resolve as coisas. O que resolve é a aceitação, estudo e prudência", disse, como informa a Folha de São Paulo. 

Francisco não deixou de comentar também sobre a situação da Europa, onde o debate da imigração foi reacendido nas últimas semanas. Para o Papa, o continente passa por um "inverno demográfico" e "ficará vazio" sem a imigração. "Eu acredito que não se pode rejeitar as pessoas que cheguem. Você deve recebê-las, ajudá-las, cuidar delas, acompanhá-las e só então procurar por toda a Europa um local em que possam viver", disse ele. 

Para Francisco, uma das causas da imigração é a ganância de empresas europeias que exploram o continente africano sem distribuir a riqueza com a população local.