EUA vão abandonar o Conselho de Direitos Humanos da ONU

O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, e a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley, vão anunciar ainda nesta terça-feira (19) que o país sai do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. Isso em um momento muito sensível, em que os EUA estão recebendo reprovação internacional pela sua política migratória que tem separado pais e filhos na fronteira

Donald Trump - Divulgação

Os EUA ameaçavam já ameaçavam sair caso o órgão não fosse renovado, acusando o organismo composto por 47 membros sediado em Genebra de ser anti-israelita. As negociações com Washington falharam, o que sugeriu que a Administração Trump já estava pronta para a saída, segundo informa a Reuters.

O abandono do Conselho de Direitos Humanos da ONU significa mais um corte entre a Administração Trump e acordos multilaterais – o Presidente dos EUA já tinha retirou o país do Acordo de Paris sobre o clima e do acordo nuclear com o Irã. Os EUA estão cada vez mais distantes do resto do globo em termos de geopolítica.

A decisão surge também numa altura que os EUA têm sido alvo de intensas críticas devido à política de “tolerância zero” relativamente aos imigrantes não-documentados que entram em território norte-americano e que tem gerado a separação de milhares de famílias na fronteira com o México. Zeid Ra'ad al-Hussein, alto comissário para os Direitos Humanos da ONU, classificou na sessão de segunda-feira (18) em Genebra a política de “inconcebível” e exigiu que Washington ponha um ponto final nessa situação.

O porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, recusou fazer comentários até a decisão ser oficialmente comunicada. Disse apenas: “O secretário-geral [António Guterres] acredita na arquitetura dos direitos humanos da ONU e na participação ativa de todos os Estados". 

Quando o Conselho de Direitos Humanos foi criado, em 2006, o Presidente George W. Bush, evitou-o. Sob a presidência de Barack Obama, os EUA foram eleitos para o órgão por um máximo de dois mandatos consecutivos de três anos. Depois de um ano fora do organismo, os EUA foram eleitos para o terceiro mandato.

No ano passado, Haley disse que Washington estava revendo a sua presença e pediu uma reforma para eliminar “o preconceito crônico anti-Israel”. O conselho tem um espaço permanente na sua agenda para violações cometidas por Israel na Palestina. Os EUA queriam retirar este ponto.

Contudo, apesar da pressão exercida pelos EUA (aliado histórico de Israel) no Conselho, todos os outros países tem criticado as ações extremamente violentas por parte do exército israelense contra manifestantes palestinos desarmados, além da ocupação ilegal por parte de Israel de territórios palestinos. Nesse ano, Trump anunciou que mudaria a embaixada de seu país para Jerusalém, um ato político que reconhece a Cidade Santa como capital israelense, ato que vai contra todas as normas do direito internacional. Os palestinos reivindicam Jerusalém Oriental como sua capital, e segundo a ONU, o estatuto da Cidade Santa só poderia ser modificado perante um acordo entre Israel e Palestina, o que não ocorreu.