Rajoy é afastado na Espanha e socialistas formarão novo governo

 O parlamento espanhol aprovou a moção de censura e derrubou o governo de Mariano Rajoy, que deixa o poder após mais de seis anos de profunda crise econômica, social e institucional.

Mariano Rajoy - Foto: Mariano Rajoy/EPA

 A moção de censura apresentada pelo Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) foi aprovada com 180 votos a favor, 169 contra e uma abstenção. O Partido Popular (PP) é afastado do poder, depois de, nas últimas eleições, ter perdido cerca de 50 deputados face ao resultado de 2011 e de a justiça espanhola ter condenado alguns dos seus mais destacados ex-dirigentes e o próprio partido por corrupção.

O Caso Gürtel, como é conhecido o esquema de corrupção que serviu para o PP se financiar, foi o catalisador para a moção de censura que apresenta Pedro Sánchez, o líder dos socialistas, como alternativa para a presidência do governo espanhol.

No entanto, a viabilidade de um governo liderado pelo PSOE é uma incógnita, já que para aprovar a sua moção de censura, o partido recolheu apoio dos grupos parlamentares do Podemos, da Esquerda Unida e dos partidos regionais catalães e bascos. Ao lado do PP votaram apenas os deputados do partido conservador e nacionalista Ciudadanos. A deputada da Coligação Canária absteve-se.

O Partido Nacionalista Basco foi determinante, na semana passada, para a aprovação do Orçamento do Estado pelo governo de Mariano Rajoy, votando a favor.

Pedro Sánchez foi automaticamente investido como presidente do governo, já que a apresentação de uma moção de censura em Espanha obriga a que seja indicado um novo primeiro-ministro.

O PSOE também foi fortemente penalizado nas últimas eleições de 2015 e 2016, perdendo 25 deputados face a 2011, quando já tinha registado o seu pior resultado desde 1977.

Mariano Rajoy, líder do PP, estava no poder desde 2011. Nas eleições legislativas de 2015, perdeu a maioria absoluta que detinha no parlamento, consequência das duras políticas de austeridade que liderou, com o corte das pensões, o aumento da carga fiscal e a subida do desemprego na Espanha para os níveis mais elevados da União Europeia (  25% e que continuam acima dos 16%). O governação do PP  também ficou marcada por uma profunda crise institucional, cuja face mais evidente é a suspensão da autonomia na Catalunha.

Bascos e catalões contra Rajoy

O Partido Democrata Europeu Catalão (PDeCAT) e o Partido Nacionalista Basco (PNV) confirmaram  apoiaram a moção de censura contra o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, apresentada pelos socialistas, assegurando o sucesso da moção na votação parlamentar.

O porta-voz do PDeCAT, Carles Campuzano, havia conformiado nesta quinta-feira (31) que os oito deputados daquela força partidária votariam a favor da moção de censura promovida pelo Partido Socialista espanhol (PSOE), liderado por Pedro Sánchez.

Momentos depois, foi a vez do porta-voz dos nacionalistas bascos (PNV), Aitor Esteban, confirmar no parlamento o voto favorável dos cinco deputados daquele partido.

O apoio do PNV à moção de censura já tinha sido avançado ao início da tarde por fontes do Partido Popular espanhol (força liderada por Mariano Rajoy), que foi informado antecipadamente, segundo a agência espanhola EFE, pelos nacionalistas bascos.

Apoio era essêncial para o desfecho

Com o apoio destes dois partidos nacionalistas, a moção de censura contra o governo de Mariano Rajoy foi aprovada sem surpresas, na votação parlamentar desta sexta-feira, o que irá significou a queda do executivo espanhol.

O parlamento espanhol começou, na quinta-feira (31) a debater a moção de censura apresentada pelos socialistas espanhóis, que são a maior força política da oposição e que propunham que o seu líder, Pedro Sánchez, substituisse Rajoy na chefia do executivo, como de fato ocorreu.

Os socialistas têm apenas 84 deputados, um número que fica longe dos 176 necessários (maioria absoluta) para aprovar a moção. Porém, com os apoios expressos, Pedro Sánchez conseguiu180 votos favoráveis.