Protesto contra Trump evidencia afronta ao México, diz chanceler

As manifestações contra Donald Trump, que no domingo (12) reuniram milhares de pessoas em várias cidades mexicanas, evidenciaram a “afronta” que representam para o país as políticas do presidente dos Estados Unidos, afirmou nesta segunda-feira (13) o secretário de Relações Exteriores do México, Luis Videgaray.

Manifestação contra o Trump - Efe

O protesto "ratifica que o México é um país onde os cidadãos exercem com plenitude suas liberdades democráticas", mas também é "mais um sinal que põe em evidência a afronta" sofrida pelos mexicanos, indicou Videgaray em entrevista ao noticiário da emissora Televisa.

O chanceler também esclareceu que o número de mexicanos deportados pelos EUA “se mantém nas mesmas tendências do ano passado”, inclusive com uma ligeira queda em relação ao início de 2016. Ele ressaltou, porém, o aumento das operações de agentes do ICE (sigla em inglês para Serviço de Imigração e Controle de Fronteiras) que miram mexicanos que vivem nos EUA.

“É fundamental que os mexicanos conheçam seus direitos”, disse Videgaray, acrescentando que o número de telefonemas e consultas de cidadãos do México aos consulados do país em território norte-americano mais do que triplicou neste começo de ano.

No caso de ser contatado por um agente de imigração, é importante que os mexicanos “não digam mentiras nem entreguem documentos falsos”, disse Videgaray. Segundo o chanceler, o governo mexicano dobrou o orçamento dos consulados para reforçar a assistência jurídica a seus cidadãos nos EUA.

Videgaray também confirmou que "nas próximas semanas" receberá a visita do secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, e que a data da viagem será anunciada "muito em breve, provavelmente hoje".

A essa visita se somará a do secretário de Segurança Interna dos EUA, John Kelly, que, inclusive, poderia vir junto com Tillerson, revelou Videgaray.

"Isto ainda será definido", mas "é provável que venhamjuntos", detalhou o secretário de Relações Exteriores mexicano.

Além disso, Videgaray negou as versões veiculadas na imprensa nos últimos dias relativas a sua suposta participação na redação de um discurso de Trump sobre o México para suavizá-lo.

Videgaray também reiterou que são "absolutamente falsas" as informações que alegam que o governante norte-americano ameaçou por telefone o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, com o envio de tropas ao país latino-americano para ajudá-lo na luta contra o narcotráfico.

O grito unânime contra Donald Trump e o pedido de "respeito" uniram no domingo, na capital e em outras cidades do México, dezenas de milhares de pessoas, que proferiram palavras de ordem em defesa da unidade e derrubaram simbolicamente uma reprodução do muro que o magnata pretende construir na fronteira entre os dois países.

A maior manifestação foi na Cidade do México e contou com a presença de aproximadamente 20 mil pessoas.

Os cartazes, escritos em inglês e espanhol, traziam dizeres como: "Mais pontes, e não muros", "Os trabalhadores mexicanos ajudaram a construir os EUA" e "Make México Great Again" ("Façamos o México grande outra vez", uma referência ao slogan da campanha presidencial de Trump, "Make America Great Again").

A marcha em Guadalajara, capital do estado de Jalisco, foi a segunda maior, ao reunir cerca de 10 mil pessoas, e também contou com protestos contra Peña Nieto pelo aumento recente nos preços dos combustíveis no país.

Villahermosa (Tabasco), Morelia (Michoacán), Mérida (Iucatã), Monterrey (Nuevo Leão) e Tijuana (Baixa Califórnia) foram outras cidades que registraram manifestações contra o presidente norte-americano.