Vagner adere ao debate sobre plebiscito para novas eleições

O presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, admitiu ao jornal Folha de S. Paulo que o caminho de defesa de um plebiscito é a melhor saída para a crise política no Brasil. Ele comunicou que a entidade fará uma reavaliação do seu posicionamento sobre o tema, nesta semana, em apoio à presidenta afastada Dilma Rousseff.

Vagner Freitas presidente da CUT - CUT

Segundo Vagner, "a presidenta não pode ficar engessada. A CUT não vai defender o plebiscito no site. Mas, se essa é a única esperança a que podemos nos apegar, vamos nela", declarou o sindicalista à Folha.

Ele destacou ao jornal que o apoio ao plebiscito é uma medida vinculada ao movimento pró-reforma política, pelo qual movimentos de esquerda devem lutar. "Acho que devemos fazer [a defesa do plebiscito], mesmo não acreditando nesse Congresso conservador, absolutamente clientelista que só olha para ele mesmo. A presidente tem que ter alternativas. Mas sei das dificuldades de se concretizar isso. O jogo da política é difícil", analisou.

Ao jornal, Vagner admitiu o quadro de maior dificuldades que deve encontrar a presidenta, caso ela não seja afastada e falou em boicote desde a sua eleição em 2014. "Dilma vai apanhar da mídia e dos conservadores do Congresso. Eles farão tudo para inviabilizá-la. O mandato dela sofreu boicote, desde o primeiro dia, de partidos políticos, do Judiciário e da mídia. Dilma assumiu num terceiro turno. Ela tem só 80 deputados", enfatizou.

A executiva nacional do PT, participa de uma reunião com a presidenta Dilma Rousseff no Palácio da Alvorada, nesta terça-feira (28). É provável que plebiscito seja um tema debatido entre eles, informou o periódico.

Plebiscito

A proposta de um plebiscito sobre novas eleições presidenciais foi colocada pela primeira vez pela direção do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), deste abril deste ano, como melhor saída para a crise institucional instalada no país. Segundo os comunistas, a consulta popular é a melhor forma de derrotar o golpe, fazer valer o desejo do povo e restaurar a democracia.

Lideranças políticas e de movimentos sociais já aderiram à proposta, como a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). Segundo o presidente da entidade, Adilson Araújo, "a alternativa é consultar o conjunto da sociedade brasileira através de um plebiscito para que o povo decida se faz uma nova eleição".

Carina Vitral, presidenta da UNE, disse que a maioria das entidades sociais é simpática à proposta de plebiscito. Para ela, “a luta não é a defesa de um partido e de uma presidente, mas de uma democracia, e é justo que a gente devolva ao povo o direito de decidir sobre os rumos do país”. Mas, para isso, diz Carina, a condição é que Dilma recupere o mandato.

Dilma adere ao plebiscito

A presidenta Dilma já admitiu que caso ela vença o julgamento no Senado, irá convocar novas eleições e deixar o povo decidir o futuro político do país.

Em entrevista, Dilma justificou a medida. "Rompeu-se um pacto, existente desde a Constituição de 1988. Tem de remontar esse pacto, e ele não será remontado dentro do gabinete. A população, querendo ou não, terá de ser consultada. É fundamental que haja o fim do golpe, o que significa ganhar no Senado. Eu não acho possível refazer o pacto com Temer presidente. Em qualquer hipótese, a consulta popular é o único meio de lavar e enxaguar essa lambança que está sendo o governo Temer”, declarou Dilma.