Os objetivos dos governos e dos cartéis são, em princípio, opostos: o poder público se esforça para comprar sempre pelo menor preço bens e serviços com determinadas especificações de qualidade e o cartel, ao contrário, quer vendê-los por preços superiores aos que cada empresa individualmente proporia se houvesse concorrência real.
Por Téia Magalhães*, do Retrato do Brasil
Faz parte do cotidiano de todo usuário do Metrô de São Paulo a superlotação, com direito a muito tumulto e sufoco. Plataformas lotadas, filas e falhas atrasam diariamente a viagem de ida e volta do trabalhador.
O Sindicato dos Metroviários de São Paulo distribuiu nesta quarta-feira (5) nota oficial sobre as falhas que aconteceram na Linha 2 – Vermelha do Metrô de São Paulo na noite desta terça-feira (04). Eles atribuem o problema à superlotação dos trens e ao que chamam de “maldita frota K”, o lote de trens que foram reformados pelo consórcio liderado pela empresa Alston e investigado pelo Ministério Público por ser alvo do chamado “propinoduto dos trens de São Paulo”.
Em vez de explicar o problema ocorrido nesta terça-feira (4) à noite no Metrô de São Paulo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, apelaram a acusações e ironias ao comentar na manhã desta quarta-feira (5) a nova falha, que resultou em pânico e quebra-quebra nas estações Marechal Deodoro e Santa Cecília, da Linha 3-Vermelha.
Duas investigações distintas sobre o cartel dos trens em São Paulo, esquema de manipulação de licitações e desvio de dinheiro público que pode ter causado prejuízo de mais de R$ 400 milhões aos cofres estaduais, chegaram à etapa final.
Integrantes do chamado Movimento Transparência, composto por representantes da sociedade civil convidados pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), para apurar a formação de cartel e corrupção em licitações do transporte ferroviário público do estado, continuam sem encontrar indícios que comprovem as denúncias.
Rachaduras, desníveis no piso, reboque caindo e até escoramento do teto. Moradores do entorno da estação Pinheiros da Linha 4 – Amarela do Metrô paulistano, na zona oeste da cidade, brigam na Justiça, desde 2007, para ser indenizados pelo Consórcio Via Amarela e pelo governo estadual por conta dos danos em suas casas. Eles afirmam que os problemas começaram em 2006 e foram causados pela construção e pelas inúmeras explosões que dizem ter ouvido – e sentido – durante o período das obras.
Passados exatos sete anos do desabamento na linha 4/Amarela do metrô de São Paulo, ocorrido em 12 de janeiro de 2007, nenhum dos 14 acusados pelo acidente, que provocou sete mortes, foi levado a julgamento. O processo arrastando-se lentamente pela Justiça paulista, que até agora não conseguiu sequer concluir as audiências com as testemunhas do caso. A perspectiva é de impunidade, já que os crimes começam a prescrever em 2015.
O secretário de Desenvolvimento Econômico do governador Geraldo Alckmin (PSDB), Rodrigo Garcia (DEM), e um interlocutor do secretário de Energia, José Aníbal (PSDB), foram acionados pela principal testemunha das investigações sobre o cartel dos trens e Metrô em São Paulo, segundo informações do jornal Folha de S. Paulo. Em declaração à Polícia Federal, a testemunha relatou que tratou pessoalmente de propina com Garcia.
Conforme publicação nesta quinta-feira (19) do jornal O Estado de S.Paulo, o Metrô e a CPTM mantêm em seus altos escalões funcionários investigados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público sob suspeita de receberem propina do cartel de trens em São Paulo.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) indeferiu liminarmente o habeas corpus apresentado pela defesa do empresário Marcelo Scott Franco de Camargo, da empresa Consbem Construção e Comércio, acusado de fraude em licitações para obra no Metrô de São Paulo.
Em entrevista ao portal Rede Brasil Atual, o secretário de Serviços da prefeitura de São Paulo e deputado estadual licenciado pelo PT, Simão Pedro, disse que o Ministério Público Federal (MPF) está devendo esclarecimentos a respeito das denúncias de formação de cartel, pagamento de propina e corrupção que envolvem o metrô e a Companhia Paulista de Transportes Metropolitanos (CPTM)