Existe crack na Cracolândia, nas ruas da região da Luz, no centro de São Paulo, ruas conhecidas pelo nome da droga demonizada em diversos discursos. A aglomeração de pessoas que forja indignação em apresentadores de TV e no prefeito da capital paulista, João Dória, vai, entretanto, muito além disso
Por Daniel Mello
Matéria publicada no jornal Folha de São Paulo, na terça-feira (11), aborda o problema do crack em Curitiba. Segundo a reportagem, após operações de limpeza, revitalização e segurança no centro, usuários da droga teriam se espalhado para os bairros. É informado, inclusive, que ao lado do terreno onde os usuários estão, “crianças carregam mochilas e seguem para casa”.
Por Alessandra Monterastelli
A cidade global promovida por propostas como a de vincular o título de “Little Seul” ao bairro do Bom Retiro não só transforma um conceito reflexivo em marca publicitária, como também abre a gestão urbana para capitais financeiros internacionais.
Por Simone Toji*, no Le Monde Diplomatique
“A ‘Cracolândia’ é produto da ausência de amplas políticas públicas de assistência social e em especial a dependentes químicos. Estas, na esteira das experiências internacionais vitoriosas, devem se pautar pela estratégia terapêutica de redução de danos”.
Por * Hélio Leitão
A notícia de que o irmão de Suzana Richthofen foi internado após uso de drogas remete ao que acontece todos os dias na cracolândia.
Por Felipe Betim, do El Pais
Terminada a operação de higiene social na Cracolândia, com todo o autoritarismo e a violência que caracterizam o Prefeito e o Governador de São Paulo, percebe-se que há algo mais em jogo do que "apenas" uma operação midiática para supostamente acabar com o fluxo de drogas que ocorria naquela área.
Por João Sette Whitaker, no Blog "Cidades Para Que(m)?"
A Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania da gestão João Doria, Patrícia Bezerra (PSDB-SP), entregou seu cargo nesta quarta-feira (24) e se posicionou contrária à operação pactuada entre a Prefeitura de São Paulo, Governo Estadual e as polícias Civil, Militar e GCM que dispersou, no último domingo, (21) o fluxo de dependentes químicos na região da Cracolândia, zona central de São Paulo (SP).
“Eles invadiram o barraco e eu escondi meus seis filhos, fiquei com muito medo, então apontaram um fuzil na cara do caçula de sete anos, que imagem uma criança vai ter de um policial?”, esse é o relato de Draisse, que cuida de sua família sozinha e mora na ocupação Princesa Isabel, localizada próxima à Cracolândia.
No último domingo (21), em plena Virada Cultural de São Paulo, o prefeito João Doria (PSDB), em parceria com o governo do estado, realizou uma operação com quase mil membros das polícias militar e civil e da Guarda Civil Metropolitana na Cracolândia, região central da cidade. Munidos de bombas e balas de borracha, os agentes agiram no intuito de dispersar o grande número de usuários de drogas no local.
Por Laís Gouveia
Os Conselhos Regionais e Federal de Psicologia lançaram uma nota condenando a violência empregada pela gestão de João Doria (PSDB-SP) na remoção da população atendida pelo “De Braços Abertos” e o desmantelamento do programa. Neste domingo (21) 900 policiais dispersaram a população da cracolândia com bombas e balas de borracha, amedrontando usuários e moradores da região.
“Era perto de 6h, quando ouvi tiros, bombas, gritaria. A polícia entrou com tudo. Foi um pavor! Eu só fico me perguntando para onde vai esse povo todo? Será que não percebem que são doentes? Eu não tenho o que comer hoje. Ninguém comprou leite, pão, nada. Tá tudo fechado”.
A Força Tática da Polícia Militar paulista atacou nesta quinta-feira (23) dependentes químicos frequentadores da chamada Cracolândia, na Luz, centro de São Paulo, com balas de borracha, cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo. Há relatos de feridos, inclusive os fotógrafos Dario Oliveira e Marcelo Chello. Oliveira foi ferido por arma de fogo na perna esquerda, mas ainda não se sabe de onde partiu o disparo. Ele está sendo atendido na Santa Casa de Misericórdia.