"Se eu nunca tivesse entrado na Universidade Federal do Ceará nunca teria saído da minha bolha e provavelmente teria dificuldade na hora de compreender a realidade do meu próximo".
Por Marília de Castilho*
Assim como o candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL), muitos brasileiros acreditam que a política de cotas no Brasil é uma medida que divide a população, pois o racismo "não existe". Ou ainda acreditam que se trata de uma 'esmola' à população negra, criando uma vitimização, ao invés de promover a meritocracia, ou seja, fazer com que esse negro tenha acesso a oportunidades por meio de um suposto "mérito".
Por Dayane Santos
Em entrevista à TV Cidade Verde, do Piauí, nesta terça-feira (23), Jair Bolsonaro (PSL) evidenciou porque não participa de debates com o seu adversário. Ao falar sobre as políticas afirmativas que promoveram a inserção de milhares de jovens nas universidades, o presidenciável afirmou que a política de cotas no Brasil é "coitadismo" e reforça preconceito e defendeu "acabar com isso".
Um projeto de lei encaminhado pelo governador Luiz Fernando Pezão à Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) no último dia 15, renova por mais dez anos a política de cotas que rege o acesso às universidades estaduais do Rio. A lei atual vence em dezembro.
A chance de ter um diploma de graduação aumentou quase quatro vezes para a população negra nas últimas décadas no Brasil. Depois de mais de 15 anos desde as primeiras experiências de ações afirmativas no ensino superior, o percentual de pretos e pardos que concluíram a graduação cresceu de 2,2%, em 2000, para 9,3% em 2017.
Desde terça-feira (22), alunos da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) ocupam dois prédios no campus Perdizes, na zona oeste da capital paulista, para garantir a contratação efetiva da professora Márcia Eurico e pelo cumprimento das cotas raciais entre os docentes da graduação e da pós-graduação na universidade.
Justamente em 2018, mesmo ano em que se completa 130 anos da abolição da escravidão, a política de cotas raciais faz 15 anos. Para além de ampliar o leque de oportunidades de estudo e trabalho para os jovens negros, elas também democratizam as universidades e, principalmente, o espaço de poder no Brasil que ainda tem uma sub-representação negra.
Por Verônica Lugarini
A adoção de cotas raciais, a mudança de perfil do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e o uso da nota para ingresso em universidades federais por meio do Sisu (Sistema de Seleção Unificada), a criação do ProUni (Programa Universidade Para Todos) e o Fies (Programa de Financiamento Estudantil) tiveram – e têm – impactos positivos nesse cenário. Mas quão significativos são tais efeitos?
Último país das Américas a abolir a escravidão, o Brasil tardou a se preocupar com o acesso dos negros ao Ensino Superior, de forma a reduzir as abissais desigualdades perpetuadas no mercado de trabalho. As universidades brasileiras começaram a reservar vagas para pretos, pardos e indígenas somente no início dos anos 2000, mais de quatro décadas depois das primeiras ações afirmativas nos EUA.
Universidades que aderiram a programas sociais ainda têm dificuldades de entender contexto social de estudantes.
A leitura da matéria “UnB será ocupada pela periferia: exemplos vêm de Ceilândia e Brazlândia”, de Pedro Grigori e Walder Galvão, no Correio Braziliense desta quarta-feira, 31, é uma excelente oportunidade para reabrir a discussão sobre o êxito da política de cotas no Brasil.
Por Aloizio Mercadante*
Universidade adotará mudanças a partir de 2019. Exame para estudantes indígenas serão aplicadas no vestibular de 2021.