"Ae, X-9, vou te pegar e fazer com você o mesmo que eu fiz com o 'boi'. Fica esperto." No jargão popular das comunidades, X-9 é quem delata e o "Boi", na ocasião, é o auxiliar de pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido da maior favela do Brasil, a Rocinha, desde o dia 14 de julho.
Sem ter a identidade revelada, policial militar que trabalhava na Unidade Pacificadora (UPP) da Rocinha, no Rio de Janeiro (RJ), prestou depoimento a promotores que integram o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) sobre o desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, em 14 de julho deste ano. Segundo o policial, Amarildo teria sido vítima de tortura dentro da UPP, e seu corpo levado à mata após “algo sair errado”.
De acordo com declarações do delegado Rivaldo Barbosa, da DH (Divisão de Homicídios) do Rio de Janeiro, feitas nesta sexta-feira (4), os dez PMs denunciados à Justiça pelo desaparecimento e morte do pedreiro Amarildo de Souza, na favela da Rocinha (zona sul), em 14 de julho, podem estar envolvidos em outros 22 casos de tortura na comunidade.
A Justiça decretou nesta sexta-feira (4) a prisão preventiva dos dez policiais militares acusados de torturar e matar o ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, na Favela da Rocinha, zona sul do Rio. A denúncia foi aceita pelo juízo da 35ª Vara Criminal da Capital, do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ).
Quando o Capitão Nascimento, com o coturno na garganta do traficante “Baiano”, entregou a escopeta nas mãos do Soldado Mathias e determinou a execução do bandido com um balaço no rosto, as salas de cinema do Brasil vibraram como torcida em final de campeonato. Como em uma arquibancada, houve quem se levantasse e aplaudisse a cena de pé, algo inusitado para uma sessão de cinema. O Brasil que pedia direitos humanos para humanos direitos estava vingado.
Por Matheus Pichonelli *, na Carta Capital
Mais de 600 mortos em maio de 2006 em uma série de ataques na Baixada Santista, 111 presos assassinados em 1992 durante o Massacre do Carandiru, o desaparecimento do pedreiro carioca Amarildo de Souza em 14 de julho deste ano. Para entidades de defesa dos direitos humanos e movimentos sociais, esses números têm em comum a marca da violência policial. Parentes de vítimas desses e de outros casos fizeram nesta quarta (2) na capital paulista um ato para pedir a desmilitarização da polícia.
A Divisão de Homicídios da Polícia Civil fluminense encaminhou, na noite desta terça (1º/10), ao Ministério Público do Rio, a conclusão do inquérito sobre o desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarido de Souza, de 47 anos. Ele sumiu no dia 14 de julho depois de ser levado para a sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha.
O Ministério Público vai receber nesta segunda-feira (30) o relatório do inquérito da Divisão de Homicídios que apura o desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza. Ele foi visto pela última vez no dia 14 de julho, quando foi levado por policiais militares para a sede da Unidade de Polícia Pacificadora da Rocinha para averiguação, durante a operação policial “Paz Armada”. No documento, pelo menos cinco policiais serão indiciados.Também será pedida a prisão preventiva dos acusados.
Um adolescente de 16 anos e sua mãe, duas das testemunhas do inquérito que investiga o desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, foram retirados na madrugada deste sábado (21) do Rio de Janeiro pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, com a ajuda da Polícia Federal. Os dois pediram para ingressar no Programa de Proteção à Criança e ao Adolescente Ameaçado de Morte, do governo federal.
A Justiça determinou que o governo do estado do Rio pague à família do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, 47 anos, desaparecido desde o dia 14 de julho, uma pensão mensal no valor de um salário mínimo e tratamento psicológico para nove pessoas da família da vítima, no valor de R$ 300, por sessão.
A Polícia Civil concluiu na madrugada desta segunda-feira (9) uma nova reconstituição para tentar esclarecer o desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo Souza, visto pela última vez no dia 14 de julho, após ser levado por policiais militares para uma averiguação na sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, na zona sul do Rio.
O desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, após ter sido detido por policiais militares no Rio de Janeiro, reacendeu o debate sobre casos parecidos que vêm sendo denunciados nos últimos anos no Brasil. No entanto, não há dados oficiais consolidados que permitam avaliar a frequência e quantidade desse tipo de ocorrência.