Ih, chegaram os Idos de Março!

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O 15 de março corresponde aos idos de março do antigo calendário romano, famosos porque foi nessa data, no ano 44 antes da Era Comum, que um bando de senadores aristocratas, liderados por Cássio e Bruto, assassinou o divino ditador Júlio César, configurando o ápice da crise da República, que resultaria na fundação do Império Romano.

A decepção de César com o seu amigo Marco Bruto traduzida na frase “Et tu, Brute!” (Até tu, Tuta!) é apócrifa, mas foi apropriada pelo Shakespeare. Na verdade, César teria xingado seus agressores em grego, língua com que ele transava com a sua amante egípcia, Cleópatra Filopátor.

Eu não sei por que dizem ter sido um assassinato brutal e não um assassinato cassiano. O fato é que Júlio César morreu com 23 facadas, mas apenas uma delas, no peito, teria sido fatal, segundo o Suetônio, o que mostra quão avançada era a medicina legal dos romanos.

Da próxima vez que você pedir uma Cæsar Salad, exija do maître o número exato de facas para a decoração do prato.

Eu acho de mau gosto usar catchup nesse caso, mas gosto e cu cada qual tem um, já dizia o Plutarco, outro biógrafo do Júlio, que foi sucedido (o Júlio, não o Plutarco) por Augusto, fato que determinou a sequência dos meses depois das festas juninas.

A sangrenta conquista da Gália parece ter sido a principal façanha militar de Júlio César, mas os gauleses não se conformam até hoje com a derrota de seu líder, Vercingétorix. Tanto é que continuam a produzir filmes de animação do Astérix e do Obélix, nos quais César é sempre pintado como idiota e os romanos como loucos varridos.

A frase “Alea iacta est” (Os dados foram lançados), que César pronunciou em janeiro do ano 49 antes da Era Comum, ao pular o corgo Rubicão para se tornar ditador, inspirou outro gaulês, Stéphane Mallarmé, a compor o primeiro poema tipográfico, “Un coup de dés jamais n’abolira le hasard” (Um lance de dados jamais abolirá o acaso). O poema, de difícil compreensão até para os concretistas, costuma ser usado pelos militantes da chamada obra absolutamente aberta para combater o determinismo histórico.

Dizem que a mãe do César foi quem inventou o parto cesariano. Tinhoso desde o útero, o futuro cônsul teria se recusado a cruzar o rubicão vaginal, obrigando Aurélia a ordenar à parteira: “Gladium transeo!” (Passe a faca!).

Desde o primeiro vagido estava selado o destino de Júlio César, em latim, Gaius Iulius Cæsar, ou IMP•C•IVLIVS•CÆSAR•DIVVS!

Quem não quiser acreditar, que conte outra, ora!

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