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Há 50 anos, morria Guilherme de Almeida, o “Príncipe dos Poetas” 

Na madrugada de 10 para 111 de julho de 1969 – há 50 anos –, o poeta, escritor e jornalista Guilherme de Andrade e Almeida morreu aos 78 anos. Vítima de uremia, o Príncipe dos Poetas passou suas últimas horas ao lado de sua família, em casa, no bairro de Perdizes, em São Paulo.

Guilherme de Almeida

Durante toda a noite, intelectuais, políticos, militares e sacerdotes velaram o corpo daquele que é considerado “o mais paulista de todos os poetas de São Paulo”. Em memória ao escritor, o governador Roberto Costa de Abreu Sodré determinou luto oficial durante três dias no estado.

Nascido em Campinas, em 24 de julho de 1890, filho do jurista Estevam de Almeida e de Angelina de Andrade Almeida, Guilherme de Almeida se formou em Direito na Faculdade do Largo São Francisco em 1912. Iniciou a carreira aos 27 anos, com o livro de poesias Nós (1917).

O poeta foi um dos mais ativos da Semana de Arte Moderna de 1922 e diretor da revista Klaxon. Em 1923, casou-se com Baby Barroso do Amaral e passou a residir no Rio. Regressou a São Paulo em 1925 e, nos anos seguintes, voltou a trabalhar no jornal O Estado de S.Paulo, onde passou a fazer crítica cinematográfica, na coluna “Cinematographos”, e crônica social.

À época, o grande difusor das ideias nacionalistas do modernismo percorreu diferentes regiões do país. Imprimindo a temática brasileira, Almeida publicou os livros Meu e Raça (1925), entre outros. Ele foi o primeiro dos modernistas a ser recebido pela Academia Brasileira de Letras (ABL), em 6 de março 1930, eleito para a vaga do poeta, folclorista e filólogo Amadeu Amaral.

Em 1932, esteve exilado em Portugal, com outros paulistas, pela participação na Revolução Constitucionalista. Nos anos 40, de volta a São Paulo, trabalhou como jornalista. Foi redator e colunista de O Estado de S.Paulo e, de 1943 a 1945, diretor da Folha da Manhã, criando o inovador serviço Folha Informações.

Foi em 16 de setembro de 1959, num concurso organizado pelo jornal Correio da Manhã, que Guilherme de Almeida foi eleito o Príncipe dos Poetas Brasileiros, título conferido aos poetas Olavo Bilac (1902), Alberto de Oliveira (1918) e Olegário Mariano (1937). No pleito de várias semanas, em diversos estados, ele obteve o título com 320 votos. Seu mais forte oponente, Manuel Bandeira – que o consideraria “o maior artista do verso em língua portuguesa –, recebeu 164.

Para Péricles Eugênio da Silva Ramos, crítico literário e membro da ABL, os amantes da poesia “estimavam em Guilherme de Almeida a acessibilidade e a elegância da expressão”. “São Paulo, o Brasil e a língua portuguesa perdem um dos seus maiores expoentes.

O corpo do poeta foi enterrado na cripta onde, na ala principal, gravada em mármore, está sua poesia Oração Ante a Última Trincheira. E uma das linhas escritas por Guilherme de Almeida, de acordo com um amigo próximo, resume tudo: “Em mim, sem mim, fim”.