Sem categoria

Evo Morales dá um toque artístico a suas postagens no Instagram

Perfil inaugurado em março de 2018 organiza todas as publicações em forma de mosaico. Presidente boliviano já comparou redes sociais a esgoto, mas hoje as usa com frequência para emitir opiniões e divulgar as realizações de seu governo

por Estêvão Bertoni para o Nexo

evo instagram

Em 16 de março de 2018, o presidente da Bolívia, Evo Morales, conclamou seus seguidores no Twitter: “Irmãos internautas, seguimos ampliando nossa participação nas redes sociais, convido-os a me seguirem no Instagram, onde compartilharemos imagens da nossa querida Bolívia e as facetas da nossa gente”, escreveu.

Naquele dia, nove arquivos foram publicados na conta, criando o primeiro de uma sequência de mosaicos que tomam todo o perfil presidencial.

A adesão ao Instagram era mais um movimento de Morales na tentativa de marcar território nas redes sociais, que ele condenou e comparou ao esgoto em 2016. Naquele ano, durante um discurso para apoiadores, afirmou que elas tinham sido invadidas por mentiras. “Eu prefiro não me contaminar nas redes sociais. Alguém disse: as redes sociais são como ralos, todo o lixo vai por ali”, afirmou.

Sua fala era uma reação ao resultado de um referendo, feito em 2016, para saber se ele poderia se candidatar novamente à reeleição em 2019. O “não” ganhou com 51,30%. Morales atribuiu a derrota à “guerra suja” e às redes. “Vamos avaliar as mensagens das redes sociais, onde as pessoas não se identificam e fazem mal à Bolívia”, afirmou ao El País.

Apesar do referendo, já em 2017 o Tribunal Constitucional do país considerou que limitar a reeleição seria violar os direitos humanos. Em novembro de 2018, ele inscreveu sua candidatura para as eleições de 2019, que deverão ocorrer em outubro. Mais longevo presidente da história da Bolívia, eleito pela primeira vez em 2006, Morales já foi reconduzido ao cargo por duas vezes, em 2010 e 2014. Seu mandato expira em 2020. Caso vença novamente, ficará no poder até 2025.



Adesão às redes

Em 2016, Morales estreou sua conta no Twitter. Muito ativo, já publicou mais de 10.600 tuítes desde então, numa média de quase 8 postagens por dia. Ele possui 474 mil seguidores.

Em janeiro de 2018, criou uma conta no Facebook e, dois meses depois, no Instagram. Na ocasião, a ministra da Comunicação, Gisela López, disse a uma rádio estatal que a intenção do presidente era comunicar, pela rede social, uma visão mais pessoal que tem da Bolívia e do mundo. 

A primeira postagem foi feita enquanto Morales esperava o resultado de um julgamento na Corte Internacional de Justiça, em Haia, na Holanda, sobre o pedido da Bolívia para a criação de um “corredor” atravessando o Chile para dar, ao país, acesso ao oceano Pacífico. O tribunal decidiu que o país vizinho não é obrigado a negociar o assunto com a Bolívia, frustrando os planos do presidente. As fotos publicadas mostravam pessoas carregando uma longa bandeira azul por uma estrada e traziam a hashtag “o mar nos une”.

Em sua página, o presidente costuma anunciar a inauguração de obras, parabenizar cidades pelo seu aniversário, comemorar a realização de eventos esportivos (como os Jogos Sul-Americanos de 2018, em Cochabamba), ressaltar a importância do trabalho em equipe (publicou uma foto de seu gabinete, em que um pau de selfie é usado) e divulgar vídeos de paisagens do país, com um tom turístico.

Morales segue apenas sete pessoas no Instagram: papa Francisco, os ex-presidentes brasileiros Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, Cristina Kirchner (ex-presidente da Argentina), Rafael Correa (ex-presidente do Equador), sua filha, a advogada Eva Liz Morales (que ele reconheceu em 2002, após o caso ficar sete anos na Justiça) e a conta Mi Teleférico, da rede de teleféricos de La Paz, inaugurada em 2014.

As contas do presidente boliviano nas redes sociais são administradas por uma equipe de seis
pessoas, segundo a ministra da Comunicação. No Instagram, todas as mensagens são organizadas em mosaicos interligados, mas há poucos textos ou informações nas fotos e vídeos.

Clique aqui para ler a íntegra da matéria do site no Nexo