Manuela d'Ávila: “está na hora do movimento em defesa da democracia”

A ex-deputada e candidata à vice na chapa presidencial nas eleições de 2018, Manuela d'Àvila (PCdoB) ressaltou a importância da unidade dos partidos do campo de esquerda nas eleições de 2020, conversando com a população e ampliando a capacidade de diálogo com a sociedade. A entrevista à jornalista Andréia Sadi no programa Em Foco da Globo News  foi ao ar na noite desta quarta-feira (11).

Manuela Globo News

Com apenas 38 anos de idade, Manuela contou sua longa trajetória política iniciada no movimento estudantil e as votações expressivas que teve nas eleições que disputou como deputada federal, citando como exemplo os mais de 300 mil votos que recebeu em sua primeira eleição federal e os 500 mil votos posteriormente, assim como sua campanha à prefeitura de Porto Alegre e sua eleição para deputada estadual no Rio Grande do Sul. 

PT

Manuela foi questionada se não estava na hora do Partido dos Trabalhadores (PT) deixar outras lideranças serem protagonistas nas eleições e para explicar a retirada da sua candidatura presidencial para ser vice de Haddad nas últimas eleições. Ela lembrou que embora não seja do PT, é um fato que a sigla "é o maior partido dos nossos e é natural que ele queira cumprir o papel", disse lembrando que o PT reconhece "o seu tamanho e o craque do time", porém, "o jogo que estamos jogando é muito importante", expressou.

(…) "Se a gente não consegue ter candidatos comuns entre os partidos, está na hora da gente ter um movimento em defesa da democracia", defendeu.

Pensar em 2020 

Para a liderança gaúcha, as eleições de 2022 dependerá muito das eleições municipais do ano que vem e que pensando nisso a esquerda e os partidos democráticos devem estar centrados na construção da unidade. "As eleições de 2022 está ainda muito longe. Esse longo prazo só vai ser alcançado com sucesso se nós conseguirmos produzir palanques e processos políticos similares aos da Diretas Já nos municípios do Brasil na próxima eleição municipal. Para criar espaço para que a gente esteja juntos conversando com a população". Segundo ela, essa unidade é óbvia e que é preciso "estarmos juntos tentando ampliar a nossa capacidade de diálogo com a sociedade. Senão, 2022 vai ser um projeto distante", ponderou Manuela.

Eleição de Bolsonaro

Para ela, a eleição de um governante ultraconservador na presidência do Brasil é fruto da crise econômica que o capitalismo produziu. "Bolsonaro é um produto da crise econômica que é muito profunda e o capitalismo no mundo tem produzido soluções autoritárias em diversos países", mas além disso, é preciso, segundo Manuela, "entender o papel das ferramentas de comunicação, das notícias fraudulentas, das fakenews na construção desses personagens". 

Para ela, esse espaço da disputa da comunicação foi ocupado por uma extrema direita, citando os que defendem a "terra plana". Segundo Manuela, essa é uma disputa de consciência.

Ao ser questionada pela jornalista se a vitória de Bolsonaro seria um "recado" à esquerda, Manuela respondeu que não só para a esquerda, mas para muita gente. 

"Qual momento nós não construímos uma política de segurança pública que desse conta do desafio de toda complexidade do tráfico de drogas no Brasil", questionou, atribuindo o aparecimento do bolsonorismo também a ausência de projetos alternativos à violência cotidiana, com políticas de segurança pública realmente efetivas.

Lula, Fake News, Vaza Jato, racismo

Manuela d'Ávila apresentou como se criou o Instituto E se fosse você? que ajuda no combate à rede de ódio e mentiras nas redes, as chamadas "fake news" e denuncia as milícias digitais, explicou o objetivo da carta que escreveu para a deputada Joice Hasselmann (ex-líder do Governo na Câmara) e também tratou da sua participação no contato do hacker com o jornalista Glenn Greenwald, um dos fundadores do site The Intercept que resultou na divulgação de provas do envolvimento do então juiz Sérgio Moro com procuradores da Lava Jato no esquema para incriminar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Perguntada se Manuela acredita na inocência de Lula, Manuela frisou: "não há provas!". "Tudo que eu conheço e que já vi dos processos que foram julgados foram políticos", disse.

Na entrevista, a ex-deputada falou ainda sobre violência política, machismo e racismo que, para ela, estão agora mais visíveis, refletindo a opinião e a pactuação destes termos realizadas pelas próprias autoridades brasileiras. Segundo Manuela, essas lideranças tentam "se projetar cometendo crimes, como é o do racismo, mostrando que não pactua com os avanços. Isso é o que está acontecendo com a extrema direita no Brasil".

Assista a íntegra abaixo: