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Mostra de cinema soviético vai exibir clássicos restaurados

Em sua sexta edição, a Mostra Mosfilm, promovida pelo CPC-Umes Filmes, repete a tradição de apresentar um amplo panorama do cinema soviético e russo. Dos anos 1930 à década de 1980 – contando ainda com uma comédia lançada recentemente –, os 12 longas da seleção evidenciam a diversidade de gêneros e estilos da cinematografia do país. Além da parceria com a SPCine e o Itaú Cinemas, os destaques deste ano são versões restauradas de clássicos.

mostra de cinema russo - Foto: Divulgação

Stalker (1979, de Andrei Tarkovski) é obrigatório, mas essa é também uma boa oportunidade para se assistir a cópias legendadas de títulos que, apesar de menos conhecidos por aqui, foram imensamente populares na URSS. É o caso de A Flor de Pedra (1946), de Aleksándr Ptuchkó – mestre dos filmes infantojuvenis e dos efeitos especiais – e, principalmente, da comédia A Prisioneira do Cáucaso (1967, de Leonid Gaidai).

A Prisioneira diz mais sobre o cinema de grande público da URSS do que qualquer outro filme da mostra. Com cerca de 76 milhões de ingressos vendidos no país, até hoje é fácil encontrar quem saiba de cor as falas de seus personagens.

Mais próximo de Trapalhões do que de Tarkovski, o filme tem também algo das primeiras comédias de Woody Allen, intercalando gags visuais com diálogos espirituosos e absurdos que seguem a tradição russa de satirizar as nações do Cáucaso. A trama envolve as desventuras de Chúrik, paródia do turista russo que viaja em busca do “verdadeiro folclore local”, e de uma trupe de malandros que se aproveita da ingenuidade do jovem para utilizá-lo no rapto de Nina, garota cobiçada por todos.

Já os musicais de Grigóri Aleksándrov são representados neste ano pela jornada fluvial Volga-Volga (1937), um dos filmes favoritos de Josef Stálin. E há na programação ainda outro passeio pelo rio: Amigos Verdadeiros (1954, de Mikhail Kalatôzov), uma despretensiosa comédia sobre três amigos de meia-idade que decidem percorrer o Volga a bordo de uma jangada.

Apenas um ano separa O Comunista (1958, direção de Iúli Ráizman) de A Balada do Soldado (1959, direção de Grigóri Tchukhrái), mas os filmes pertencem a eras distintas. O primeiro ecoa os “heróis positivos” do auge do realismo socialista, com um protagonista austero, de violento entusiasmo.

Já o segundo, filme de abertura da mostra e uma das obras-primas da filmografia soviética, é um dos melhores exemplos dos novos ventos estéticos pós-realismo. Palavras de ordem e “grandes temas” dão lugar à lírica dos rostos em close e das experiências pessoais do soldado Aliôcha, da jovem Chúra e dos personagens que cruzam seu caminho ao longo da melancólica viagem do front à casa materna.

Outro retrato da juventude, O Mensageiro (1986, de Karen Shakhnazarov, diretor geral do Mosfilm), aborda o vazio existencial nesses que seriam os anos finais da União Soviética, emoldurando a falta de perspectivas com danças de break e espectros da Guerra Afegã-Soviética (1979-1989). Há, ainda, a versão em balé de Spartacus (1975, de Yury Grigorovich), com o Balé Bolshoi. O filme mais recente da seleção é a comédia Aluga-se uma Casa com Todos os Inconvenientes (2016, de Vera Storozheva).

A mostra fica em cartaz no Itaú Augusta e no SPCine Olido, de 4 a 11 de dezembro, com ao menos duas exibições de cada filme. A programação tem apoio da Agência de Assuntos da Comunidade dos Estados Independentes da Federação da Rússia (Rossotrudnichestvo), da Embaixada da Federação da Rússia no Brasil, da Sputnik Cultural e da Associação Cultural Grupo Volga de Folclore Russo.