Gestão Temer-Meirelles aumentou desigualdade e reduziu rendimentos

Dados do IBGE divulgados nesta quarta-feira (11) mostram que, em 2017, um ano após o golpe parlamentar que tirou do poder a presidenta eleita Dilma Rousseff, a desigualdade aumentou e os rendimentos caíram. Sob a gestão Michel Temer, a renda média mensal dos trabalhadores mais pobres – grupo que contém 4,5 milhões de pessoas, ou 5% da população trabalhadora – recuou de R$ 76, em 2016, para R$ 47 no ano passado. 

Saneamento

Em 2017, os 10% da população com os maiores rendimentos detinham 43,3% da massa de rendimentos do país, enquanto a parcela dos 10% com os menores rendimentos detinha 0,7% desta massa.

As pessoas que faziam parte do 1% da população brasileira com os maiores rendimentos recebiam, em média, R$ 27.213, em 2017. Esse valor é 36,1 vezes maior que o rendimento médio dos 50% da população com os menores rendimentos (R$ 754). Na região Nordeste, essa razão foi de 44,9 vezes e, na região sul, 25 vezes.

Em 2017, as pessoas que tinham algum rendimento (de todas as fontes, como salário, aposentadoria, pensão e programas de transferência de renda) recebiam, em média, R$ 2.112,00 contra R$ 2.124,00 em 2016. Em termos regionais, o Centro-Oeste registrou o maior valor (R$ 2.479,00) e o Nordeste (R$ 1.429,00), o menor.

No Brasil, o rendimento médio mensal real domiciliar per capita foi de R$ 1.271 em 2017 e de R$ 1.285 em 2016. As regiões Norte (R$ 810) e Nordeste (R$ 808) apresentaram os menores valores e a Região Sul, o maior (R$ 1.567).

Ainda em 2017, 13,7% dos domicílios brasileiros recebiam dinheiro referente ao Programa Bolsa Família, uma participação inferior à de 2016 (14,3%). As regiões Norte (25,8%) e Nordeste (28,4%) apresentaram os maiores percentuais. O rendimento médio mensal real domiciliar per capita nos domicílios que recebiam o Bolsa Família foi de R$ 324 e naqueles que não recebiam foi de R$ 1.489.

Desigualdade de renda pior em quase todo o país

O índice de Gini dos rendimentos mede a desigualdade da sua distribuição, e seu valor varia de zero (igualdade) até um (desigualdade máxima). Em 2017, o índice de Gini do rendimento médio mensal real domiciliar per capita no Brasil foi 0,549.

O número se mantém estável em relação ao ano anterior, mas isso só ocorreu por causa de uma queda na região Sudeste, onde o índice passou de 0,535 para 0,529. No entanto, em todas as demais regiões a desigualdade piorou. No Nordeste, o índice Gini subiu de 0,555, em 2016, para 0,567, em 2017. No Norte, passou de 0,539 para 0,544. No Sul, de 0,473 para 0,477. No Centro-Oeste, de 0,523 para 0,536.

Essas informações fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) – Rendimento de todas as fontes, de 2017. A publicação completa e o plano tabular da pesquisa podem ser acessados aqui.

60,2% da população brasileira tinham algum tipo de rendimento em 2017

Em 2017, o país tinha 207,1 milhões de habitantes. Desse total, 124,6 milhões (60,2%) possuíam algum tipo de rendimento. A região Sul (66,0%) teve o maior percentual de pessoas com algum rendimento, e a Norte (52,6%) e a Nordeste (56,5%), os menores.

As pessoas com rendimento de todos os trabalhos correspondiam a 41,9% da população residente (86,8 milhões) em 2017, enquanto 24,1% (50,0 milhões) tinham algum rendimento de outras fontes. Em 2016, esses percentuais eram: 42,4% dos residentes tinham rendimento de todos os trabalhos (87,1 milhões) e 24,0% possuíam rendimentos de outras fontes (49,3 milhões).

A região Sul, em 2017, apresentou o maior percentual de pessoas com rendimento efetivamente recebido de todos os trabalhos (46,8%) e o segundo maior percentual com rendimento proveniente de outras fontes (25,9%).

Por sua vez, o Nordeste tinha o menor percentual de pessoas com rendimento efetivamente recebido de todos os trabalhos (34,7%) e o maior percentual daquelas que recebiam de outras fontes (27,8%).

Rendimento de outras fontes predomina no Norte e no Nordeste

Entre os rendimentos de outras fontes, o mais frequente era a aposentadoria ou pensão (14,1%), seguido por outros rendimentos (7,5%), categoria que inclui seguro-desemprego, programas de transferência de renda, poupança, entre outros. Pensão alimentícia, doação ou mesada de não morador (2,4%) e aluguel e arrendamento (1,9%) estão na sequência.

O Nordeste tinha o maior percentual de pessoas com outros rendimentos (12,1%), e o Norte vinha a seguir (10,2%). No Norte, este percentual superou o de quaisquer outras fontes diferentes do trabalho.

Nas demais regiões, a categoria aposentadoria ou pensão foi a que registrou os maiores percentuais, com destaque para o Sul, que tinha 18,1% da população residente com esse tipo de rendimento, contra 17,3% em 2016.

Gráfico do percentual de pessoas com rendimento, na população residente, por Grandes Regiões, segundo o tipo de rendimento proveniente de outras fontes – 2017

Norte e Nordeste têm os menores rendimentos médios mensais

Em 2017, as pessoas com rendimento (de todas as fontes) recebiam, em média,
R$ 2.112, contra R$ 2.124 em 2016. O Centro-Oeste registrou o maior valor (R$ 2.479) e o Nordeste (R$ 1.429), o menor. Já em 2016, o Sudeste (R$ 2.547) tinha o maior rendimento médio de todas as fontes.

O rendimento médio mensal real de todos os trabalhos foi R$ 2.237, em 2017, e R$ 2.268, em 2016. O Nordeste (R$ 1.570) tinha o menor valor e o Centro-Oeste (R$ 2.566), o maior. No Sudeste houve a única variação negativa de 2016 (R$ 2.663) para 2017 (R$ 2.526).

Em 2017, o rendimento médio mensal real de outras fontes foi de R$ 1.382, sendo o menor valor (R$ 884) observado na Região Norte, e o maior (R$ 1.700), na Região Sudeste.

No Brasil, entre as categorias que compõem o rendimento de outras fontes, a aposentadoria ou pensão tinha o maior valor (R$ 1.750). Isso ocorreu em todas as regiões, com o Centro-Oeste mostrando o maior valor (R$ 2.105) e o Nordeste, com o menor (R$ 1.442). A tabela a seguir mostra os valores médios dos tipos de rendimento e suas variações regionais:

Rendimento médio mensal real da população residente, com rendimento, efetivamente recebido, a preços médios de 2017, por Grandes Regiões, segundo o tipo de rendimento – 2016-2017

Concentração de renda

No Brasil, o rendimento médio efetivo de todos os trabalhos da metade da população com os menores rendimentos foi de R$ 754 em 2017, 2,5% a menos que em 2016 (R$ 773). Nesses dois anos, a região Sul foi a que apresentou os maiores valores desse indicador: R$ 978 (2016) e R$ 974 (2017). A média observada em 2017 nessa região foi o dobro da verificada na região Nordeste (R$ 487).

Em 2017, as pessoas que faziam parte do 1% da população brasileira com rendimentos mais elevados (rendimento médio mensal real de R$ 27.213) recebiam, em média, 36,1 vezes o rendimento da metade da população com os menores rendimentos (rendimento médio mensal real de R$ 754). A região Nordeste foi a que apresentou a maior razão (44,9 vezes) e a região Sul a menor (25,0 vezes). No Brasil, em 2016, essa razão havia sido de 36,3%.

O índice de Gini mede a concentração de uma distribuição e varia de zero (perfeita igualdade) até um (desigualdade máxima). No Brasil, o Índice de Gini do rendimento médio mensal real efetivamente recebido de todos os trabalhos foi de 0,525 em 2016 para 0,524 em 2017.

O Sudeste passou do segundo maior índice em 2016 (0,520) para o segundo menor em 2017 (0,510). Nesses dois anos, o Sul apresentou as menores desigualdades (0,465 em 2016 e 0,469 em 2017) e a região Nordeste, as maiores (0,545 em 2016 e 0,559 em 2017).

Os 10% melhor remunerados receberam 2/5 dos rendimentos do país

A massa de rendimento médio mensal real domiciliar per capita foi de R$ 263,1 bilhões em 2017, e de R$ 263,9 bilhões em 2016. Os 10% da população com os menores rendimentos detinham 0,7% da massa de rendimento, enquanto os 10% com os maiores rendimentos ficavam com 43,3% dessa massa, ou mais de 2/5 dos rendimentos domiciliares per capita.

Gráfico da distribuição da massa de rendimento mensal real domiciliar per capita, efetivamente recebido no mês de referência, a preços médios do ano, segundo as classes de percentual das pessoas em ordem crescente de rendimento domiciliar per capita – Brasil – 2016-2017

No Brasil, o rendimento médio mensal real domiciliar per capita foi de R$ 1.285 em 2016 e de R$ 1.271 em 2017. No Norte (R$ 810) e no Nordeste (R$ 808) estavam os menores valores e no Sul, o maior (R$ 1.567).

Em 2017, o índice de Gini do rendimento médio mensal real domiciliar per capita para o Brasil foi de 0,549 (o mesmo registrado em 2016).

19,4% do rendimento domiciliar per capita vêm de aposentadoria ou pensão

No Brasil, em 2017, 73,8% do rendimento médio mensal real domiciliar per capita efetivamente recebido pela população era composto pelo rendimento de todos os trabalhos e os outros 26,2%, por outras fontes (aposentadoria ou pensão; aluguel e arrendamento; pensão alimentícia, doação ou mesada de não morador; e outros rendimentos).

Entre as grandes regiões, a menor participação do rendimento de todos os trabalhos foi no Nordeste (67,4%) e a maior no Centro-Oeste (77,8%).

A participação do rendimento proveniente de aposentadoria ou pensão foi de 19,4% no Brasil. Entre as regiões, essa participação foi de 23,8% no Nordeste; 20,4% no Sul; 18,6% no Sudeste; 15,7% no Centro-Oeste e 15,0% no Norte.

28,4% dos domicílios do Nordeste recebiam Bolsa Família

No Brasil, em 2017, 13,7% dos domicílios recebiam dinheiro do Programa Bolsa Família em 2017, um percentual menor que o de 2016 (14,3%). Norte (25,8%) e Nordeste (28,4%) foram as regiões que apresentaram os maiores percentuais. O Benefício de Prestação Continuada (BPC) era recebido por 3,3% dos domicílios do País, em 2017. Mais uma vez, Norte (5,6%) e Nordeste (5,2%) apresentaram os maiores percentuais.

O Rendimento médio mensal real domiciliar per capita nos domicílios que recebiam o Bolsa Família foi de R$ 324 e naqueles que não tinham foi de R$ 1.489. Para os domicílios que recebiam o BPC foi de R$ 696 e os que não recebiam, R$ 1.293.