Uruguai acusa Serra de tentar comprar voto do país no Mercosul

Reportagem do jornal El País do Uruguai noticia que o chanceler Rodolfo Nin Novoa acusa o ministro interino das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, de ter tentado comprar o voto do Uruguai no Mercosul para suspender a presidência da Venezuela no bloco.

Jornal uruguaio repercute ação de José Serra contra Venezuela no Mercosul

Notas taquigráficas de uma comissão de deputados obtidas pelo jornal El País do Uruguai, o mais importante dessa nação, apontam acusações feitas pelo chanceler uruguaio Rodolfo Nin Novoa de que o ministro interino das Relações Exteriores, José Serra, tentou comprar o voto do Uruguai no Mercosul para se posicionar contra a Venezuela.

“Nós não gostamos muito que o chanceler (José) Serra veio ao Uruguai para nos dizer – disse em público, é por isso que lhes digo – que veio com a alegação de que a transferência [da presidência do Mercosul] deve ser suspensa e que, além disso, se fosse suspensa, nos levariam em suas negociações com outros países, como querendo comprar o voto do Uruguai”, declarou o chanceler uruguaio.

Acompanhado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Serra viajou ao Uruguai no dia 5 de julho, onde se encontrou com o presidente Tabaré Vázquez e teria como função principal convencer o governo vizinho a se opor à presidência da Venezuela no Mercosul, algo que não aconteceu. Os uruguaios disseram que era preciso seguir as regras.

Segundo disse o chanceler uruguaio na reunião da comissão, que ocorreu no último dia 10, a promessa de Serra em troca do voto teria sido levar o Uruguai isoladamente em tratativas de acordos comerciais do Brasil na África e no Irã. A atitude do governo brasileiro “chateou muito” Vázquez e “bastante” ele próprio, afirmou Nin Novoa.

Nin Novoa voltou a declarar, no encontro com os deputados, que o Uruguai entende que a “Venezuela é o legítimo ocupante da presidência pro tempore e, por isso, quando convocar uma reunião, o governo uruguaio comparecerá”. “O Uruguai vai estar presente [nos encontros do Mercosul]. Se os outros não vão, será uma responsabilidade deles”, completou. Paraguai e Argentina estão do lado do governo interino de Temer contra a Venezuela.