Vitória dos estudantes: ministra da Educação do Paraguai renuncia

Depois de mais de 72 escolas ocupadas em todo o Paraguai e outras 600 apoiando a ação, a ministra da Educação e Cultura, Marta Lafuente, renunciou ao cargo nesta quinta-feira (5). A manifestação estudantil começou na terça-feira (3) e rapidamente ganhou todo o país.

Estudantes paraguaios - Rodrigo Villamayor

Os estudantes da escola República Argentina, localizada em Assunção, capital do país, começaram o protesto que rapidamente se alastrou, como pólvora, por todo o Paraguai. A ministra foi acusada de estar envolvida em um esquema de superfaturamento na licitação para a compra de água e alimentos. Os alunos também denunciam o Ministério da Educação e Cultura por perseguir lideranças estudantis e tentar impedir a criação de grêmios e associações estudantis.

“Vou com a honra intacta e por respeito ao presidente [Horácio Cartes], me coloco de lado; missão cumprida”, informou aos jornalistas em uma coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira (5).

A manifestação começou porque, segundo os estudantes, o Ministério não cumpriu os acordos firmados no ano passado, depois de outra onda de protestos que haviam acontecido. Na época o governo se comprometeu em entregar aos estudantes livros e refeições gratuitas, além de melhorar a infraestrutura das escolas.

O Ministério de Educação e Cultura alega falta de recursos para a compra de material didático e argumenta que a responsabilidade sobre as refeições está com os departamentos e municípios.
As manifestações continuam


Depois da vitória, os estudantes fizeram uma marcha simbólica do Coégio República Argentina até o ministério da Educação

 

Depois da renúncia de Lafuente, os estudantes realizaram uma entrevista coletiva onde exigem uma reunião com o presidente Horácio Cartes para apresentar suas demandas.

Os secundaristas afirmam que a renúncia da ministra é a penas “o primeiro passo” para as mudanças necessárias na educação do país. Para eles, a mudança estrutural do ministério é mais importante que a figura de um novo ministro.

Eles disseram também que manterão os protestos e as ocupações até que suas pautas sejam atendidas e se comprometeram a repor as aulas perdidas durante as férias de inverno, em julho.
"Estamos conscientes que esta mobilização prejudica o já pouco ensino que este sistema precário nos oferece", afirmaram.