Visando ampliar base para 2014, Geraldo Alckmin se movimenta

Em reação às intensas movimentações para dificultar seus planos de reeleição ao Palácio dos Bandeirantes em 2014, o governador Geraldo Alckmin iniciou uma série de articulações visando ampliar sua base política e neutralizar a consolidação de outros pólos de atração.

É o que se depreende, por exemplo, das mudanças no primeiro escalão, que fazem o governo abrir negociações com o PDT, através de seu presidente estadual, Paulo Pereira da Silva. Caso avancem as tratativas, a tendência mais forte seria a nomeação do deputado federal João Dado para a secretaria de Gestão, em substituição a Julio Semeghini, agora deslocado para o Planejamento.

Outros indicativos importantes vêm das indicações do presidente do PSDB paulista, Pedro Tobias. Em entrevista ao Estado de S. Paulo desta segunda-feira, o deputado mostra disposição de ir às últimas consequências para bancar um candidato tucano na capital em 2012, a despeito dos sinais emitidos nas últimas semanas, que sugeriam reaproximação com Kassab.

Ao que tudo indica, a reaproximação dos tucanos com o PSD pode até vir a acontecer, mas por enquanto entre os blocos liderados pelo governador e o prefeito ainda paira a desconfiança mútua.

Em demarcação pouco sutil com o ocorrido nas eleições de 2008, quando o PSDB se dividiu e cristianizou a candidatura de Alckmin a prefeito, Pedro Tobias foi taxativo ao responder que a aliança com o PSD não está entre as opções: "na eleição passada (2008) brigamos sozinhos. Meia dúzia com o Geraldo e saímos com o 45. Dessa vez vamos ter o apoio do governador, do partido, enfim. Dessa vez, quem não apoia o candidato do partido, melhor sair do partido."

Para não deixar brecha a outro entendimento, o presidente tucano desdenhou das possibilidades eleitorais de Afif e mesmo do projeto de Kassab de manter a prefeitura. "O voto do Afif é o voto do PSDB, que ganhou a eleição. E o Kassab quem elegeu ele chama-se José Serra. PSDB também. Não é voto próprio deles."

Afora as articulações de bastidores, o governo procurou intensificar as agendas públicas, aprovar três projetos de lei que reestruturam carreiras e cargos do funcionalismo, visando aliviar as pressões desse setor, recebeu em audiência entidades do movimento social – um gesto normal de diálogo numa democracia, mas que nunca foi prática dos tucanos paulistas -, dentre outras ações.

O fato é que Alckmin se movimenta para recuperar terreno perdido com as recentes mudanças na cena política. Parece estar disposto a fazer de 2012 um rito de passagem para consolidar a liderança no PSDB do estado e pavimentar o caminho para seu objetivo principal, que é 2014.