Só não ganha quem não disputa

No último domingo (6) foi dada a largada oficial para as campanhas eleitorais que culminarão em outubro com a eleição de 5.564 prefeitos e quase 52 mil vereadores. Serão, segundo estimativas do TSE, mais de 400 mil candidatos disputando o voto de aproximadamente 128 milhões de eleitores.


 


Há diversas formas de se ganhar e de se perder uma eleição. Muitas vezes, até quem não é eleito sai ganhando. A frase parece uma bobagem retórica, mas no cálculo político nem sempre a vitória é o único resultado que soma para a trajetória de um candidato ou partido.


 


A sabedoria popular cunhou expressões como a aquela dita para jogadores de loterias: a de que “o único jeito de ganhar é jogando” . Na política também é assim, mas ao contrário da loteria, as chances de vitória não têm nada a ver com apostar na sorte. O que está em jogo numa campanha é a aposta na justeza de suas propostas, no trabalho incansável pela conquista de corações e mentes e numa estratégia correta.


 


Ainda assim, muitos candidatos entram na disputa sem estar preparados para o imenso desafio que é a busca do voto. Não à toa, muitos analistas políticos afirmam que a maioria destes 400 mil candidatos que disputarão as eleições entraram na disputa sem nenhuma chance, apenas para marcar posição. Porém, quem conhece a ''alma'' de uma campanha eleitoral, já participou do seu dia-a-dia sabe que a gana de vencer motiva até as candidaturas mais modestas e improváveis. São milhares de davis enfrentando golias na busca de uma cadeira no parlamento ou um mandato executivo. Muitas vezes os estilingues funcionam.


 


Nossa recente história eleitoral está repleta de casos de candidatos que entraram na disputa para marcar posição, surpreenderam durante a campanha e terminaram eleitos. Luiza Erundina em São Paulo (1988), João Paulo em Recife (2000), Luzianne Lins em Fortaleza (2004) e Jacques Wagner na Bahia (2006) são alguns dos muitos casos que podemos citar. Eles não deixam de ser considerados exceções à regra, mas ainda assim confirmam que acreditar e disputar pra valer é a única forma de superar previsões pessimistas.


 


Esta espécie de auto-ajuda eleitoral serve não apenas para candidatos, mas para todo o conjunto de militantes e apoiadores que embarcam na campanha por acreditar num determinado projeto político.


 


As pesquisas e o clima das ruas nesta fase inicial da campanha de 2008 apontam uma tendência de vitória dos candidatos da base de sustentação do governo Lula. São candidaturas comprometidas com as aspirações mais concretas da população, com o desenvolvimento de cidades mais humanas e com a ampliação dos projetos sociais. Mas são, sobretudo, candidaturas comprometidas com o país que queremos ser. Apesar da pouca disposição de algumas forças em abrir mão de projetos personalistas e regionais em prol de uma aliança maior e mais estratégica do campo popular e democrático, há chances reais deste campo se fortalecer em outubro em todo o país. Já o bloco liberal-conservador apresenta-se fragilizado, sem bandeiras e dividido nos maiores centros urbanos. Confirmada essa tendência, a próxima eleição dará sólido impulso às forças de esquerda e progressistas para a sucessão presidencial de 2010.



 
Portanto, é a serviço de um projeto de país e não apenas de uma candidatura que se deve colocar em marcha a grande mobilização militante dos próximos três meses, promovendo uma campanha vibrante, massiva, criativa e inserida junto ao povo, maior patrimônio das forças populares.