Querem acabar com a festa da democracia

O direito ao voto para a escolha de vereadores, prefeitos, deputados, senadores, governadores e do presidente da República foi uma conquista árdua do povo brasileiro. Eleger seus representantes é uma das principais formas que a população tem para interferir no rumo político do país.



Tem sido assim, com altos e baixos, desde a proclamação da República, quando apenas os homens alfabetizados tinham esse direito. Aos poucos, a luta popular, das mulheres e de outros setores sociais conseguiu garantir o direito de voto para todos, e a mais ampla liberdade para a propaganda e debate das propostas e idéias em disputa.



As eleições, afinal, são momentos de discussão política na sociedade, com o confronto de propostas de solução para os problemas do bairro, do município, do estado e do país. A sociedade é tomada pela festa da democracia, pela propaganda dos candidatos dos mais variados partidos e as mais diversas posições políticas.



Quer dizer: era. A elite e os conservadores não são muito ligados à democracia, e tentam transformar a festa num jogo de cartas marcadas. Um exemplo disso é a propaganda eleitoral. A cada eleição, as leis que a regem ficam cada vez mais restritivas, com proibições atrás de proibições, dificultando a ampla divulgação de propostas e idéias que fazem parte da disputa.



Nesta eleição, está vedada inclusive a colocação de faixas e cartazes em vias públicas, além da proibição da distrituição de pequenos brindes, como canetas, porta-títulos, a pintura de muros mesmo com a autorização do proprietário, o uso da internet, um dos veículos de comunicação mais democráticos e baratos – tudo isso está limitado.



São medidas que tiram o caráter popular do debate político e tendem a restringir a campanha principalmente à televisão e ao rádio. onde a propaganda é cara e para poucos.



Sai o calor da festa e do debate, fica a frieza da telinha. E fica a pergunta: dá para ter democracia sem debate, só na tevê?