Política de guerra de Bush sofre derrota eleitoral

“Quem planta vento, colhe tempestade”. No caso das eleições legislativas nos EUA, que resultaram numa fragorosa e histórica derrota do Partido Republicano, o ditado popular se confirmou. O terrorista George W. Bush espalhou guerras pelo mundo, assassinando e torturando milhares de pessoas, para manter a sua hegemonia imperialista; repassou a conta para os cidadãos estadunidenses – segundo estimativas, o custo do genocídio na Afeganistão é de US$ 18 mil por minuto e no Iraque é de US$ 100 mil por minuto; jogou a economia dos EUA na crise e adotou políticas antipopulares para subsidiar a sua aventura belicista e expansionista. Agora, 79 milhões de pessoas que foram às urnas (40,4% do eleitorado) deram a resposta.



Após 12 anos, o Partido Democrata reconquistou a maioria das cadeiras na Câmara de Representantes, no Senado e nos governos estaduais, o que deverá criar maiores empecilhos para Bush nos seus dois últimos anos de presidência. Apesar disto, ninguém acredita numa mudança abrupta da política externa dos EUA, com a retirada de suas tropas de ocupação. Até porque o Partido Democrata não se contrapõe na essência, mas apenas na forma, à ação imperialista. Logo após o anúncio do resultado, o próprio senador democrata por Nova Iorque, Charles Shumer, fez questão de explicitar esta postura conciliadora. “Nós tivemos uma disputa acirrada, mas os senadores desejam trabalhar ao lado do presidente, de maneira bipartidária”.



A violenta surra imposta pelo povo ao presidente-terrorista George Bush, porém, deve forçar mudanças internas. A primeira, e bastante sintomática, foi a renúncia do secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, um dos principais falcões imperialistas do atual governo, defensor do uso da tortura e de outras medidas de regressão democrática no país. Mesmo resistindo, Bush não teve como manter o seu fiel aliado e indicou Robert Gates, ex-dirigente da CIA, envolvido no famoso “escândalo Irã-Contras”. Para David Brooks, do jornal La Jornada, apesar das limitações do Partido Democrata, a humilhante derrota de Bush “oferece novas oportunidades aos que se opõem a guerra e à reforma migratória”, entre outros projetos da direita. Atenta às demandas do eleitorado, Nancy Pelosi, primeira mulher a presidir a Câmara dos Representantes, fez questão de se antecipar: “Os estadunidenses votaram na mudança e é isso que vamos fazer”.  



Já no front externo, o resultado eleitoral deverá ter profundos reflexos, segundo o secretário de Relações Internacionais do PCdoB, José Reinaldo Carvalho. Não foi uma corriqueira eleição parlamentar. “A derrota da administração Bush é um fato político de grande dimensão internacional. Ela está ligada, entre outros fatores, ao retumbante fracasso dos EUA na guerra do Iraque” e deve fortalecer a resistência dos povos no mundo inteiro. Não é para menos que ela foi saudada com enorme entusiasmo por vários líderes políticos que encabeçam a luta contra imperialismo na atualidade. “Bush levou uma surra por exercer um governo de maneira verdadeiramente selvagem”, comemorou o presidente Hugo Chávez.