PCdoB: BALUARTE DA LUTA PATRIÓTICA E POPULAR

Lucas dos Santos Ferreira
Assessor Parlamentar da Deputada Angela Albino
Dirigente do PCdoB / Santa Catarina
Mestrando em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo

Ao analisar os conflitos sociais inerentes ao modo de produção capitalista, o filósofo alemão Karl Marx percebeu que a luta dos representantes do avanço histórico não poderia ficar limitada ao âmbito estritamente econômico, onde os grupos humanos que desempenham uma determinada função no mundo da produção constituem unicamente uma classe em si, desconectada das noções de totalidade e libertação, devendo espraiar-se para os campos ideológico e político objetivando a construção de um novo padrão de existência, fincando-se na realidade como uma classe para si.

É nesse sentido que se desenvolve o raciocínio de Antonio Gramsci, quando este coloca que “as massas só existem politicamente quando organizadas nos partidos políticos: as mudanças de opinião que ocorrem nas massas, sob a pressão das forças econômicas determinantes, são interpretadas pelos partidos, que primeiro se cindem em tendências, para depois se cindirem numa multiplicidade de novos partidos orgânicos. Através deste processo de desarticulação e de rearticulação, de fusão entre homogêneos, revela-se um íntimo processo de decomposição da sociedade democrática, que conduz ao alinhamento das classes em luta pela conservação ou conquista do poder do Estado e do poder sobre o aparelho de produção.” (GRAMSCI, 2004, p. 87)

No caso do proletariado, que ao consolidar-se passa a representar os interesses do conjunto do povo, suas metas são a destruição das relações de produção capitalistas e a montagem de um sistema de poder não mais baseado na exploração do homem pelo homem, garantindo uma direção revolucionária que sufoque os anseios egoístas e estagnantes das classes dominantes, tendo como principal instrumento de ação o Partido Comunista.

O que diferencia o Partido Comunista dos partidos burgueses, em última instância, é sua orientação baseada nos fundamentos do marxismo-leninismo e sua função de educar as massas para que estas superem seus interesses imediatos (econômicos) e alcancem um padrão de subjetividade emancipatório. Compete ao Partido Comunista entender os interesses das massas e conduzi-las no sentido da aceleração do processo de transição do capitalismo ao socialismo e do combate às potências imperialistas.

“Nós nos baseamos integralmente na teoria de Marx: ela transformou pela primeira vez o socialismo, de utopia, em uma ciência, lançou as sólidas bases dessa ciência e traçou o caminho que havia de seguir, desenvolvendo-a e elaborando-a em todos os seus detalhes. A teoria de Marx descobriu a essência da economia capitalista contemporânea, explicando como a contratação do operário, a compra da força de trabalho encobre a escravização de milhões de despojados por um punhado de capitalistas, donos da terra, das fábricas, das minas, etc. Essa teoria demonstrou como todo o desenvolvimento do capitalismo contemporâneo orienta-se para a substituição da pequena pela grande produção, criando as condições que tornam possível e indispensável à estruturação socialista da sociedade. Ela nos ensinou a ver, sob o manto dos costumes arraigados, das intrigas políticas, das leis sabichonas e doutrinas habilmente urdidas, a luta de classes, a luta que se desenvolve entre as classes possuidoras de todo gênero e as massas despojadas, o proletariado, que está à frente de todos os desempossados. A teoria de Marx estabeleceu a verdadeira tarefa de um partido socialista revolucionário: não arquitetar planos de reestruturação da sociedade nem ocupar-se da prédica aos capitalistas e seus acólitos da necessidade de melhorar a situação dos operários, nem tampouco tramar conjurações, mas sim organizar a luta de classe do proletariado e dirigir esta luta, que tem por objetivo final a conquista do poder político pelo proletariado e a organização da sociedade socialista.” (LÊNIN, 1981, p. 194)

Esta compreensão da Teoria do Partido igualmente demanda respeito às características das distintas formações econômico-sociais, complexos emaranhados de estruturas pertencentes a distintos tempos históricos (existência de ranços feudais no Brasil capitalista, por exemplo), que exigem das camadas dirigentes comunistas a flexibilização de sua tática no sentido de articular grandes arcos de alianças de cunho anti-imperialista que permitam o crescimento do Partido, ou seja, exige o enfrentamento dos desafios da realidade concreta sem a impor às massas de abstrações vazias.

“O partido não tem por função impor às massas um tipo de comportamento elaborado de forma abstrata, mas pelo contrário, aprender continuamente lutas e métodos de lutas das massas. Mas ao preparar as ações revolucionárias futuras, deve ser ativo, mesmo enquanto estuda o comportamento das massas. Deve tornar consciente e ligar à totalidade das lutas revolucionárias o que as massas inventaram espontaneamente, graças ao seu justo instinto de classe: deve, para empregar as palavras de Marx, explicar as massas sua própria ação, não apenas com o fim de assegurar a continuidade das experiências do proletariado, mas também para ativar o desenvolvimento posterior destas experiências… O dever de partido é o de percorrer livre e conscientemente o caminho necessário, de se reconverter antes que o perigo da desorganização seja atual e de agir sobre as massas graças a esta transformação, educando-as e encorajando-as.” (LUKÁCS, 1987, p. 111)
O Partido Comunista do Brasil, apesar de haver cometido muitos equívocos históricos, a exemplo do conjuntural afastamento das idéias de Octavio Brandão e do tardio reconhecimento da atualização do socialismo encaminhada por Deng Xiaoping na China Popular, foi o mais fervoroso defensor do interesse dos trabalhadores na história nacional, o que muitas vezes custou a vida de militantes e dirigentes partidários, como na batalha pela democracia (1964-85) onde foi derramado sangue comunista na Chacina da Lapa, na Guerrilha do Araguaia e tantos outros episódios.

Com a abertura política, o PCdoB destacou-se no combate ao projeto neoliberal dirigido por Collor e FHC, estando ao lado dos trabalhadores contra as privatizações e o fim da reserva de mercado que destruiu a indústria nacional.

As vitórias dos governos de coalizão dirigidos Lula e Dilma vêm representando importantes avanços em termos de formulação de programas sociais e de potencialização de mecanismos de desenvolvimento como o BNDES e a Caixa Econômica Federal, todavia modificando muito lentamente uma política econômica desastrosa que penaliza os trabalhadores e a burguesia nacional. Nesse sentido, vem competindo ao PCdoB combater as medidas equivocadas do governo, tentar aproximá-lo do campo popular e acumular forças nas disputas eleitorais para tentar atender os grandes anseios do povo brasileiro.

São dois os principais alicerces de sustentação moral e política do PCdoB que devem ser ferrenhamente defendidos por todos os seus dirigentes e militantes: a ciência e a unidade. Somente com estes alicerces compreenderemos os desafios da luta patriótica e popular e teremos capacidade de guiá-la, nos fortalecendo como Partido de Quadros e de Massas sem perder nossa orientação marxista-leninista, adaptando-nos as mudanças da realidade em movimento.

“O Partido Comunista do Brasil está decidido a buscar, sem preconceitos, contato com todas as forças que combatem o revisionismo contemporâneo, tentando abrir caminho à unidade do movimento proletário mundial. A unidade não surgirá de um dia para o outro. É um processo de luta demorado e paciente. Se quiséssemos apressar este processo, estaríamos errados. Não é hora de chegar a conclusões definitivas, mas de examinar as questões em profundidade para encontrar a melhor solução. Isso também diz respeito aos partidos irmãos que se encontram no poder, como é o caso de Cuba, do Vietnã, de Coréia do Norte e da China Popular.” (AMAZONAS, 1992, p. 4)

 

Viva a Classe Trabalhadora!
Viva o Brasil!
Viva o PCdoB!
 

*REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMAZONAS, João. Pela unidade do Movimento Comunista: Pronunciamento na reunião dos Partidos Comunistas e Organizações Revolucionárias, Brasília, 1992.

GRAMSCI, Antonio. Os partidos e a massa. In: Escritos Políticos. Volume II. Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira, 2004.

LÊNIN, V.I. Nuestro Programa. In: Obras Completas. Tomo IV. URSS: Editorial Progreso, 1981.

LUKÁCS, Georg. Teoria do Partido Revolucionário. São Paulo: Ed. Brasil Debates, 1987.