O velho preconceito antissindical continua vivo

A atividade sindical sempre enfrentou a resistência do patronato. Não faltam exemplos para mostrar que a luta entre capital e trabalho é uma luta sem trégua, na qual a violência patronal — em todos os sentidos — costuma ser constante contra aqueles que “ousam” desenvolver consciência de classe e lutar coletivamente por direitos e dignidade.

Com a mídia sob controle desta mesma elite patronal, não é de se estranhar que o preconceito contra a atividade sindical seja estampado em editoriais, artigos e “notícias” da grande imprensa.

A demonstração mais recente deste preconceito veio estampada no jornal O Globo, no domingo (dia 5). A pretexto de manter viva a cruzada midiática contra a Petrobras, o jornal da família Marinho acusou a estatal de abrigar uma “república de sindicalistas” em áreas de gerência – agitando o velho fantasma ''sindicalista'' usado na conspiração contra João Goulart, que levou ao golpe militar dado pela direita em 1964.

Através do blog Fatos e Dados, a empresa ainda procurou desfazer, de forma polida, o equívoco da matéria argumentando que dos 4.910 gerentes da Petrobras, O Globo pinçou apenas 22 (menos de 0,5% do total) com histórico sindical; que todos são funcionários de carreira e concursados, com mais de 20 anos na empresa; e que para chegar aos 22, o jornal ainda cometeu o erro de somar profissionais que nem gerentes são. E resgata, a respeito, o “Bilhete para um operário”, escrito em 1980 pelo cronista Lourenço Diaféria.

Na verdade, a Petrobras nem precisaria ter gasto tempo justificando nada. Bastava perguntar: “qual o problema?”. Por acaso ser ex-sindicalista é impedimento para um profissional ascender a postos de comando na área administrativa e exercer com eficiência e responsabilidade suas funções?

Não custa lembrar que o presidente da República é um ex-sindicalista e todos os indicadores sociais e econômicos mostram que seu governo faz mais pelo Brasil e pelos brasileiros do que a maioria de seus antecessores. Aliás, vale ressaltar que a Petrobras só se tornou a maior empresa do Brasil e 34º maior empresa do mundo graças à nova visão que o atual governo “sindicalista” levou para a empresa. Pois se dependesse do acadêmico Fernando Henrique Cardoso e sua trupe de administradores e economistas, a Petrobras talvez nem existisse mais.

Os ataques contra os sindicatos, porém, vão além das páginas dos jornais. A direita, personificada no Congresso em partidos como o DEM (ex-PFL), entrou com uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) no STF questionando o repasse de parte do imposto sindical (10%) para as centrais sindicais, numa clara tentativa de inviabilizar o funcionamento das centrais, enfraquecendo o movimento sindical e a luta dos trabalhadores.

A elite e seus porta-vozes na imprensa atacam o sindicalismo pois ele representa uma forte trincheira de resistência ao modelo neoliberal que os lesa-pátrias da classe dominante tentaram – e ainda tentam – nos impor.

A luta empedernida da elite contra os sindicalistas é mais do que mero preconceito de classe, ou de uma batalha para frear a conquista de direitos sociais e trabalhistas. A elite se bate por algo mais estratégico: a manutenção do status quo. Como bem lembrou o sindicalista Wagner Gomes (presidente da CTB), em artigo publicado neste portal, a direita sabe que o fortalecimento da organização dos trabalhadores “abre novas perspectivas à batalha por transformações sociais mais profundas, por um novo projeto nacional de desenvolvimento, fundado na soberania e na valorização do trabalho e também pelo socialismo. É isto que incomoda e amedronta as velhas e novas oligarquias”.