Lula sinaliza endurecer com os bancos

O presidente Lula parece estar perdendo a paciência com os banqueiros. Fontes seguras garantem que o governo apresentará em breve uma proposta de elevação do Imposto de Renda cobrado do sistema financeiro. Ele também estuda o aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL). Ambas as medidas seriam incluídas no projeto de reforma tributária que está tramitando no Congresso Nacional. A versão original desta reforma já continha brechas para estes aumentos, mas elas foram suprimidas pelo relator do projeto na Câmara de Deputados, o empresário Sandro Mabel (PR-GO), que se dobrou às pressões das bancadas neoliberais do PSDB, DEM e PPS.


 


A reação do governo, caso se confirme, será altamente positiva. Como diz o ditado, antes tarde do que nunca. Desde a sua primeira posse, o governo firmou um pacto com o sistema financeiro. Os banqueiros nunca foram incomodados e bateram recordes de lucros. A desregulamentação do setor, promovido pelo governo FHC, não foi encarada. A orgia financeira tomou conta do Brasil. Agora, diante da gravidade da crise mundial do capitalismo, talvez o presidente Lula resolva comprar uma justa briga contra a ditadura financeira, responsável por tantas desgraças no país.


 


Até o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, sempre tão cordato com os empresários, chiou diante desta atitude irresponsável. “O sistema financeiro brasileiro está mostrando que não está à altura do que o país precisa”. Perguntado se os bancos privados estariam escondendo o dinheiro, ele foi contundente: “Claro que estão. Eles fizeram fogueira com o dinheiro? Isso deve estar todo entesourado… Está claro que as empresas do setor produtivo não podem ver o sistema financeiro como um bom parceiro”. Indignado, ele chegou a sinalizar uma pista para enfrentar os barões das finanças. “Os bancos públicos tem espaço na economia e acho que esse espaço vai aumentar”.


 


A intenção, ainda que tardia, de endurecer com os agiotas do cassino financeiro deriva da postura criminosa deste setor diante da grave crise da economia mundial, que já atinge o Brasil. Num primeiro momento, o Banco Central até liberou bilhões do compulsório bancário e adotou outras medidas de estímulo ao sistema financeiro. Mas os banqueiros, maiores culpados pela atual crise mundial, simplesmente embolsaram estes recursos, que deveriam servir para estimular o crédito na sociedade. Aproveitando-se da ausência de qualquer regulação, fruto do desmonte neoliberal do Estado, os bancos entesouraram o dinheiro em benefício próprio.