Lula ganhou no 1º e vai ganhar no 2º

Uma fúria repetitiva de fazer inveja a Goebbels tomou conta da quase totalidade da mídia desde domingo. Exalta-se, com júbilo, o magnífico desempenho do candidato presidencial do PSDB-PFL. Transmite-se, de alguma forma — e estas abundam no arsenal do jornalismo — a impressão de que foi Geraldo Alckmin o vencedor deste domingo.



Convém portanto recordar quais são os números da apuração, já concluídos graças às virtudes de votação eletrônica. Luiz Inácio Lula da Silva teve 46.662.365 votos. Geraldo Alckmin focou com 39.968.369. A vantagem do primeiro sobre o segundo foi de 6.693.996 votos. Contados.



São 6.693.996 votos de diferença que indicam um nítido vencedor do primeiro turno. E apontam um igualmente nítido favorito para o segundo.



A mídia especula sobre a intransigência oposicionista do eleitorado da senadora Heloísa Helena, do senador Cristovam Buarque e outros presidenciáveis que concorreram no domingo. Heloísa disse que não apóia ninguém, deixando seus eleitores livres “para escolher em quem votar”. Já Cristovam, e segmentos do PSOL,
O instituto Datafolha também perguntou, em sua pesquisa de sábado, em quem estes eleitores tenderiam a votar no segundo turno. Concluiu que Alckmin obteria mais 4,9 milhões de votos, contra 2,7 milhões que migrariam para Lula. Por esta projeção, Lula se reelegerá no dia 29 com 49,4 milhões de votos, contra 44,9 milhões para seu adversário do bloco conservador.



É claro que eleição não se ganha de véspera. Justamente por isto a mídia grande se empenha em jogar para cima o seu candidato. Está em campanha, desde maio do ano passado, e num crescendo de agressividade. Esta predileção midiática tem sido de longe o principal trunfo do candidato conservador.



E qual é o trunfo de Lula? Afora as realizações de seu governo real, é, também de longe, a energia da militância de esquerda. Nenhum outro candidato na história da República contou com uma tão formidável legião de mulheres e homens conscientes, organizados, enraizados nos movimentos sociais e no povo trabalhador, dispostos à luta não em busca de benefícios pessoais mas pela convicção de que vale a pena lutar.



No domingo passado, a força da militância operou prodígios como a vitória de Jacques Wagner na Bahia sobre o reduto coronelista do senador Antonio Carlos Magalhães. Nos próximos 26 dias, está chamada a levar ao povo eleitor o chamamento para confirmar, no 29 de outubro, a vitória de Lula no dia 1º.