Lula encontra PCdoB e participa de Conselho Político

Nesta última terça feira (2/08), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou duas importantes reuniões. A primeira, foi com os membros do Conselho Político do Governo, que reúne os presidentes de todos os partidos que compõem a base política aliada no Congresso Nacional. A segunda, foi com o partido aliado que, ao longo dos últimos 18 anos, tem se revelado o mais leal desde a primeira campanha de Lula em 1989, o Partido Comunista do Brasil.


Na reunião do Conselho, o ambiente foi recheado com dados econômicos muito positivos, alinhavados pelo Ministro da Fazenda, Guido Mantega, convocado pelo Presidente para sistematizar a situação econômica do país. O próprio Lula já vinha ensaiando esse discurso de que finalmente o Brasil estaria encontrando o seu caminho na esfera econômica. Afinal de contas, algumas modificações significativas estão em curso se comparamos a situação atual com a era Palocci. Se é verdade que os fundamentos principais da política macro-econômica não se alteraram, os sinais de que algo se move são indiscutíveis. Pode-se citar, por exemplo, o fato de que as metas inflacionárias na atualidade são menos rígidas e o papel do BNDES como um banco de fomento foi mantido. A nomeação do economista Luciano Coutinho para a presidência do Banco foi uma importante sinalização contra a tentativa das chamadas forças do mercado de retirarem esta característica de um dos principais instrumentos de política econômica no Brasil.


O ministro Mantega fez um relato detalhado de como o Governo vê a conjuntura econômica brasileira, destacando a possibilidade concreta de um crescimento sustentado com distribuição de renda e com a redução das desigualdades regionais e sociais. O Plano de Aceleração do Crescimento, o PAC, foi exaltado como um dos instrumentos que propiciarão este novo ciclo de desenvolvimento, ao lado de outras iniciativas na esfera econômica e social. O segundo expositor, ainda durante a reunião do Conselho Político, foi o Ministro das Cidades, Márcio Fortes, que apresentou um projeto de Lei a ser enviado ao Congresso, que institui diretrizes sobre a mobilidade urbana e o transporte público no Brasil. A questão do transporte urbano público é um problema crucial nos grandes municípios brasileiros. Em função do crescimento desordenado, especialmente nas capitais dos Estados, o transporte se destaca ao lado do problema habitacional como um grande entrave — pela precariedade e alto custo – à melhoria da qualidade de vida no país. Enfrentar esta questão, tornando o transporte mais acessível e com boa qualidade, é uma tarefa estratégica do Governo.


No que se refere à reunião com a direção do PCdoB, o presidente Lula reafirmou sua opinião a respeito da situação econômica favorável, agregando que a oposição se encontra sem discurso, atacando o Governo com o apoio da grande mídia de forma desonesta e sem princípios, chegando a se utilizar de uma tragédia para promover a disputa política, como foi o caso do acidente com o avião da TAM. O PCdoB, por sua vez, procurou esclarecer o Presidente sobre um conjunto de temas que estavam sendo utilizados por alguns articulistas e até por setores do próprio PT, de que o PCdoB estaria se distanciando do PT e do Governo. Os sinais seriam a formação do Bloco de Esquerda, ao lado do PSB, PDT, PRB, PMN e PHS, além do possível afastamento da Corrente Sindical Classista, CSC, da Central Única dos Trabalhadores, a CUT. O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, em várias entrevistas tem reafirmado que a formação do Bloco de Esquerda foi uma necessidade política objetiva com a constituição da ampla aliança de sustentação do segundo governo de Lula. O núcleo de esquerda se impõe para lutar pela aplicação do programa que levou o presidente à última grande vitória, em 2006, e fazer avançar o processo político brasileiro no sentido das profundas mudanças progressistas que o Brasil está a exigir. Note-se que o Bloco faz questão de inscrever em sua plataforma que está aberto a todas as correntes de opinião e partidos políticos interessados em aplicar seu programa.


 No que tange à discussão das centrais sindicais, o presidente do PCdoB deixou claro que não cabe ao partido dizer aos membros da CSC como devem agir. A Corrente Classista tem sua autonomia e deverá encontrar suas formas e meios de ação sindical. O que está evidente é que o hegemonismo de uma corrente determinada dentro da CUT fez com que esta central deixasse de ser plural, dificultando a convivência com as outras correntes com atuação dentro dela. Tudo isso não deverá impedir que se estabeleça uma nova unidade de ação entre várias centrais, em torno de objetivos concretos no movimento social brasileiro.


Por fim, o presidente Lula se mostrou extremamente interessado em participar de reuniões entre o PT e o PCdoB tendo em vista as próximas eleições gerais de 2008. O presidente defendeu a necessidade de uma unidade maior entre as forças da base aliada para enfrentar o processo eleitoral do ano que vem. Ao se despedir Lula fez questão de elogiar o desempenho do Ministério do Esporte durante a preparação e realização vitoriosa dos Jogos do PAN, dizendo que seu titular, o Ministro Orlando Silva Jr., foi uma grande revelação, mostrando capacidade política e organizativa à frente do Ministério. O Ministro Orlando será o entrevistado, na segunda feira, do Programa Roda Viva da TV Cultura de São Paulo. O ex-presidente da UNE, Gustavo Petta, também foi lembrado por Lula como um dos quadros políticos do PCdoB que merecem grande respeito e consideração.