Itaú-Unibanco e o poder monopolista

A ''fusão'' dos bancos Itaú e Unibanco foi saudada por membros do governo, líderes da oposição de direita e também pela mídia hegemônica. Todos afirmam que a operação revela que o sistema financeiro nacional está sólido, imune à crise capitalista, e que o novo megabanco reforçará as posições do Brasil no mercado mundial. Será? No mínimo, seria necessária mais cautela diante de uma fusão que concentra ainda mais os capitais, preocupa os clientes e apavora os bancários.


 


Na prática, não houve uma fusão, mas sim uma incorporação. O Itaú comprou o Unibanco. Os donos dos primeiro ficarão com 66% da empresa-holding que controlará o novo banco. Além disso, a bilionária operação envolve a participação do capital estrangeiro. Parte das ações do Itaú já pertence ao Bank of America e o Unibanco mantém antigos vínculos com o Manhattan Bank, atual Morgan-Chase, e com o Citibank. Os três foram duramente afetados pela crise nos EUA.


 


De concreto, a ''fusão'' resulta num maior poder monopolista. O país terá somente quatro grandes bancos privados (Itaú-Unibanco, Bradesco e dois estrangeiros, Santander e HSBC), além de dois públicos. O monopólio no setor, que já era enorme, ficou ainda maior. Até os analistas do deus-mercado sabem que quanto maior a concentração, menor a concorrência, e maiores os lucros dos banqueiros. As instituições públicas ficaram ainda mais vulneráveis diante do poder privado.


 


A concentração bancária, como qualquer processo de monopolização no capitalismo, não visa beneficiar a sociedade. O objetivo é o lucro. O novo megabanco terá maior poder para especular no cassino financeiro e para dosar o crédito. O serviço também poderá ser afetado, prejudicando os 15 milhões de clientes dos dois bancos. Para o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, ''não é justo que, com a fusão, o consumidor pague mais tarifa, tenha um pior atendimento e, no fim, os bancos registrem lucros exorbitantes''. Já os bancários ficarão sob tensão. Há boatos de que a ''fusão'' poderá gerar 10% de demissões – cerca de 10 mil empregos.