Haddad e a inquisição do Jornal Nacional

Se ainda havia dúvidas sobre a função de partido político de direita desempenhada pela mídia hegemônica e patronal, elas se dissiparam na “entrevista” do candidato da frente “O Povo Feliz de Novo” (PT, PCdoB e Pros), Fernando Haddad, no Jornal Nacional da noite de sexta-feira (14).

Foi um verdadeiro interrogatório inquisitorial durante o qual os inquiridores (William Bonner e Renata Vasconcelos) interromperam o candidato por 62 vezes, tomando 16 minutos do tempo que ele teria (27 minutos). Isto é, Haddad falou por apenas 11 minutos.

Seus inquiridores tentavam a todo custo impor a Haddad suas próprias opiniões conservadoras, inquisitoriais e antidemocráticas. E, a todo custo, tentaram extrair dele um pedido de desculpas pela corrupção atribuída ao PT e seus governantes (Lula e Dilma Rousseff).  Aliás, para variar, a alegada corrupção, esta esfarrapada bandeira da direita contra os progressistas e democratas, foi a tônica dos ataques contra Haddad e o Partido dos Trabalhadores.

Haddad lavou e enxaguou seus inquiridores. Não aceitou nenhuma provocação, e se insurgiu quando tentaram impor a ele opiniões que não tem. Contra-atacou afirmando que a Rede Globo é investigada pela Receita Federal por irregularidades fiscais. Constrangeu seu inquiridor ao acusar a Globo de prejulgar aqueles que, muitas vezes injustamente, são linchados no noticiário da vênus platinada.

A participação de Fernando Haddad no Jornal Nacional não foi um evento jornalístico: o que houve na noite de sexta-feira (14) foi o exercício de um mau, e falso, jornalismo. Sob este rótulo indevido, foi na verdade uma ação de caráter político, reacionário e de direita, com o objetivo de massacrar um adversário democrático e progressista. Não ouvir sua opinião, como seria próprio do jornalismo verdadeiro.

A Rede Globo é detentora de uma concessão pública. O espectro eletromagnético usado nas transmissões de rádio e televisão é de propriedade pública, que o governo dá em concessão a um particular (no caso a Globo) que não se torna proprietária deste espectro, mas concessionária dele. E que, sem amparo na lei, dá um caráter político a estas transmissões, deixando de prestar o serviço público com o qual se comprometeu: o de transmitir notícias, de forma isenta e objetiva.

Não é o que a Globo faz, e a tentativa de massacre do candidato da frente “O Povo Feliz de Novo”, que o Brasil assistiu, indignado, é a demonstração disso.

No confronto com seus inquisidores, Fernando Haddad dissipou qualquer outra dúvida que poderia existir – os brasileiros puderam ver, no candidato do campo progressista à Presidência da República, as qualidades de liderança, firmeza e determinação desejadas em um líder capaz de implantar o programa democrático, desenvolvimentista, pelo trabalho e renda, e pela soberania nacional, que os brasileiros precisam.