Governo Bolsonaro semeia o caos também com o Plano de Vacinação

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A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski de determinar 48 horas de prazo para que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, apresente as datas de cada etapa do plano de vacinação contra a Covid-19 é uma boa notícia depois de tanto descaso do governo Bolsonaro. A intimação do ministro se baseia num documento de 93 páginas elaborado ao Ministério da Saúde entregue pelo advogado-geral da União, José Levi. Lewandovski é o relator das ações que tratam da obrigatoriedade da vacina e outras medidas de combate à pandemia.

O Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação do Ministério da Saúde, com a previsão de imunizar 51,4 milhões de pessoas no primeiro semestre de 2021, não contém data para o início dos trabalhos. E não informou um calendário exato alegando que não existe, no mercado nacional, vacina aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Não define também grupos prioritários e não informa como serão providenciados insumos como seringas e agulhas.

É inescapável a constatação de que esse foi mais um ato meramente formal, sem a seriedade que o assunto exige. Ele se insere na prática do bolsonarismo de politizar vulgarmente a questão em vez de promover uma ampla consulta com os setores afeitos a ela para definir as melhores decisões a serem tomadas.

Está claro que o governo Bolsonaro não tem compromisso com um plano verdadeiramente eficiente para a vacinação. É a mesma lógica que ele usou em outras questões importantes no passado, como a sabotagem ao isolamento social e ao auxílio emergencial, assim como o socorro às empresas mais vulneráveis e a ajuda aos estados e municípios. O que ele faz agora é apenas marcar posição com plano superficial, enquanto exercita suas hostilidades contra todos os que procuram medidas para enfrentar a pandemia.

No caso das vacinas, a mesma conduta tem sido adotada, com o presidente pregando absurdos como o relaxamento nas regras de vacinação e obtusidades como preconceitos ideológicos. Na ausência de responsabilidades para enfrentar uma questão tão grave, ele difunde demagogias e mentiras com o claro intuito de manipular as decorrências do caos. Com a pandemia sem controle, Bolsonaro se lança na aventura de tentar se impor como salvador da pátria.

É óbvio que esse objetivo só pode ser atingido pela via do autoritarismo. Nesse sentido, a decisão do ministro Ricardo Lewandowski se soma às forças que enfrentam as irresponsabilidades bolsonaristas. É mais um exemplo de que com amplitude e contundência é, sim, possível isolar e derrotar Bolsonaro.