Derrota do bolsonarismo reflete sua incompetência e irresponsabilidade

desemprego

Se há um consenso no balanço das eleições municipais é que o assevera a derrota das candidaturas bolsonaristas. Além, é claro, das singularidades de cada município, pesou na decisão do eleitorado, ao rechaçar nomes da extrema direita, o duplo fracasso do presidente Bolsonaro. Na economia, a recessão é severa e o desemprego bate recordes seguidos; no combate a pandemia, o Brasil é o segundo no mundo, em termos absolutos e no número de óbitos. Pela opinião de especialistas, o país se vê às voltas com a eclosão de uma possível segunda onda.

O país padece da taxa recorde de desemprego de 14,6% no 3º trimestre. A recessão projetada para 2020 é de 4,55 %. Para piorar, Bolsonaro cortou pela metade a ajuda emergencial e Paulo Guedes, o ministro da Economia, defende sua extinção a partir de janeiro. A taxa de investimentos é uma das baixas da história. Na esfera internacional, previsões indicam uma retomada da economia apenas na Ásia, com a China socialista à frente, principal parceiro comercial do Brasil e contra quem Bolsonarismo e se clã desferem ataques frequentes.

A retomada da atividade econômica depende, em grande medida, de o Brasil controlar a pandemia. Entretanto, na iminência ou já no curso de uma segunda onda, o presidente dobra a aposta do negacionismo e na irresponsabilidade criminosa. Enquanto outros países já tem pronto o planejamento e a logística de vacinar em massa seu habitantes, assim que as vacinas forem aprovadas pelos órgãos técnicos e científicos competentes,  o ministro da Saúde Eduardo Pazuello e Bolsonaro agem com morosidade, além do que o presidente e seus seguidores seguem fazendo pregações contra as vacinas.

O resultado é um desastre para a classe trabalhadora e os pequenos médios empresários. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), no acumulado dos dez primeiros meses deste ano houve perda de 171.139 empregos. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que 68% dos trabalhadores que ficaram sem trabalho no segundo trimestre de 2020 (quase nove milhões) foram de postos informais. Até o fim de 2019, essa categoria representava 38 milhões de pessoas. Mostra também que até junho, 720 mil empresas haviam fechado as portas.

Há ainda o agravante da queda da renda. Recentemente, uma pesquisa feita pelo Ibope/Estadão/TV Globo mostrou que sete em cada dez paulistanos relataram queda em sua renda em meio à pandemia do novo coronavírus. A pesquisa aponta um cenário de acirramento da desigualdade social: a população mais pobre e com menos escolaridade foi a mais atingida pela diminuição de poder aquisitivo.

É um cenário crítico, que penaliza sobretudo o povo, a classe trabalhadora. Diante dele, cabe às forças progressistas e democráticas, a partir das lições da disputa eleitoral que indicam a eficácia da convergência das forças progressistas, buscarem uma atuação comum na construção de saídas e alternativas. É uma exigência que vem das urnas e da situação trágica a que o governo Bolsonaro empurrou o país.