Bush golpeia direitos civis nos EUA

 

Publicado na Inglaterra em 1948, o livro “1984” foi escrito e reescrito por George Orwell, após várias experiências como professor e jornalista, incluindo a participação na guerra civil espanhola. O autor em inúmeras ocasiões fez questão de destacar que a obra não deveria ser encarada como uma profecia, mas como um quadro do que poderia ocorrer se não se fizesse algo para prevenir o estado de coisas descrito no livro. Em vários trechos o autor procurou caracterizar —a seu modo—as condições de vida por vir, como a sensação constante de estar sendo vigiado pela “telescreen”, pela imagem onipresente do “Big Brother”, inspirada no estereótipo de José Stalin do início da chamada Guerra Fria.  

 

Outro George, o presidente dos Estados Unidos da América, entretanto, está se encarregando de colocar em prática uma série de métodos e práticas caracterizadas no livro de Orwell, de como o Estado pode usar recursos de comunicação para controlar a consciência das pessoas.

 

 Após os acontecimentos de 11 de setembro, quando as Torres Gêmeas vieram abaixo em Nova Iorque e o Pentágono sofreu o impacto de um avião em suas instalações em Washington, uma série de medidas de caráter fascistizante começou a ser implementadas. Algumas delas ao abrigo de uma lei chamada “Patriota” – especialmente encomendada para subverter a própria constituição americana, no que se refere à defesa dos direitos civis. Além de umas tantas outras  iniciativas urdidas ao arrepio desta própria lei de exceção, como é o caso recentemente descoberto de que milhões e ligações telefônicas domésticas estão sob escuta e controle das agências de espionagem do sistema de segurança dos EUA.

 

A lei em vigor permite que ligações feitas dos Estados Unidos para os outros países do mundo possam ser controladas, mas não prevê censura às ligações dentro do país. Este tipo de denúncia começou a ser publicada nos principais jornais americanos, como o New York Times, que também passaram a criticar abertamente o secretário de defesa Donald Rumsfeld, por sua conduta na preparação e desencadeamento da guerra do Iraque.

 

Na última sexta-feira, 18/5, o general Michael V. Hayden foi sabatinado pela comissão de inteligência do Senado americano. Ele foi indicado por Bush para substituir o diretor geral da CIA, Porter Goss, demitido no último dia 5 de maio. Na resposta ao questionamento de vários senadores, Hayden procurou se distanciar da política externa defendida pelo Pentágono especialmente no que se refere ao trabalho da CIA no Iraque. Mas fez a defesa intransigente da necessidade de continuar o trabalho do serviço secreto no controle das comunicações domésticas dos cidadãos americanos.

 

Se contra as nações do mundo, o governo George Bush usa guerras e chantagens  e representa permanente ameaça, ao seu próprio país ele representa um retrocesso no âmbito de direitos democráticos vigentes.