Bush colhe as tempestades da guerra no Oriente Médio

Em seu primeiro dia de visita ao Oriente Médio, George “War” Bush tomou conhecimento da morte de seis soldados das forças de ocupação dos EUA no Iraque, na Província de Diyala, onde as tropas estadounidenses lançaram uma grande operação supostamente contra o grupo de “insurgentes”. Mais outros tantos feridos, americanos e iraquianos, transformaram a quarta-feira última num dos dias mais sangrentos da guerra.Assim como Bill Clinton, Jimmy Carter e Richard Nixon, Bush empreende essa sua primeira visita a Israel no final de seu mandato. O séqüito presidencial é composto de dois Boeings 747, 1 Boeing 747 charter, 20 veículos blindados inclusive a limusine presidencial, um helicóptero Black Hawk e outro Sea King, 250 agentes do serviço secreto, 200 funcionários do Governo dos EUA, 150 assessores de Segurança Nacional, 50 assistentes da Presidência, 15 cães farejadores e cinco cozinheiros.



 


O plano da viagem envolve além desta visita a Israel – onde tem conversas com o presidente Simon Peres e o primeiro ministro Ehud Olmert, e com Mahmud Abbas e Salam Fayed, respectivamente presidente e primeiro ministro da Autoridade Palestina – escalas no Kuwait, Bahrein, nos Emirados Árabes Unidos, na Arábia Saudita e no Egito. Com isso, Bush espera poder concorrer com as notícias sobre as disputas presidenciais nos EUA, com a realização das eleições primárias do Partido Democrata e do Partido Republicano nos estados de Iowa, New Hampshire, e as próximas etapas em Michigan e Carolina do Sul. Nada se pode esperar desse périplo de Bush pelo Oriente Médio a não ser o aprofundamento da guerra no Afganistão e no Iraque além do conflito entre palestinos e israelenses, sem falar das ameaças de intervenção no Irã, potencializado por uma provocação da marinha norte-americana no Estreito de Ormuz.


 



A propalada agenda norte-americana de “democratização” do Oriente Médio é cotidianamente negada pelos próprios EUA ao apoiar regimes autoritários como os do General Musharraf no Paquistão, o Estado terrorista de Israel e os atuais dirigentes da Arábia Saudita. Em Gaza, centenas de manifestantes foram às ruas protestar contra a presença do chefe guerreiro Bush, portando faixas como: “Vocês não podem dizimar os palestinos como fizeram com os peles-vermelhas”. Além dos seguranças norte-americanos, mais de oito mil policiais israelenses foram mobilizados para a segurança do presidente dos EUA. A principal estrada de Israel, que liga Tel Aviv a Jerusalém está interditada, o que dificulta inclusive o acesso de peregrinos à cidade-polo de várias religiões. O chanceler palestino e ex-premier Ahmed Qorei e o ministro israelense Tzipi Livni ainda se reuniram antes da chegada de Bush para retomar as negociações iniciadas em Annapolis, nos EUA, decidindo constituir uma comissão para tratar dos assuntos mais candentes como o das fronteiras definitivas, a volta dos refugiados palestinos e a situação formal de Jerusalém.


 



Tudo leva a crer que esta viagem de Bush agravará o estado de guerra por ele mesmo imposto à região, como chefe do imperialismo norte-americano. Cabe aos povos amantes da paz manter e ampliar a mobilização contra a guerra tanto no Oriente Médio como no mundo inteiro, protestando contra a presença de tropas de ocupação no Afganistão e no Iraque e desmascarando as ameaças de intervenção no Irã.