Apesar da repressão, palestinos avançam na sua luta

Uma condenável reação do Estado terrorista de Israel à luta do povo palestino pela conquista da independência e o reconhecimento de seu Estado nacional, resultou, neste final de semana, em mais um banho de sangue promovido pelas forças armadas a serviço do expansionismo sionista. A repressão matou 12 pessoas que participavam dos protestos e feriu mais de 300.

Foi notável no episódio a disposição de luta demonstrada pelos palestinos na passagem do 63º aniversário da Nakba (Catástrofe), reacendendo os piores pesadelos das autoridades israelenses de ocupação da Palestina e outros territórios, como as Colinas de Golã, que pertencem à Síria mas se encontram sob controle militar de Israel desde 1967.

Trata-se do pesadelo de ver e sentir as massas palestinas marchando contra as fronteiras de Israel e questionando diretamente a dominação manu militari exercida por esse país militarista e agressor.

As ações combativas dos palestinos no último fim de semana colocam a luta pelo reconhecimento da sua independência nacional em patamar mais elevado. O Dia da Catástrofe é marcado, tradicionalmente, pela realização de protestos contra a ocupação israelense e pela exigência do direito de retorno dos palestinos que foram expulsos de suas residências e fazendas depois da criação do Estado de Israel, em 15 de maio de1948. A expulsão envolveu mais de 800 mil palestinos que tiveram suas casas literalmente roubadas pelos israelenses; hoje, três gerações depois, aqueles 800 mil se multiplicaram em mais de quatro milhões de palestinos que exigem o direito de retorno que Israel rejeita, transformando sua negativa arrogante no maior obstáculo à paz na região. Registre-se que há resoluções da ONU determinando a volta dos refugiados, solenemente desrespeitadas por Israel com o beneplácito dos imperialistas estadunidenses.

Este ano, além da adoção de uma tática combativa para rememorar a data, com a realização de amplas e grandiosas manifestações de massas, os palestinos retomaram a ação comum entre as principais correntes constitutivas de seu movimento de libertação – o conjunto de partidos e organizações integrantes da OLP e o Hamas. Milhares de refugiados palestinos marcharam sobre a fronteira com Israel para ultrapassá-la e demonstrar, na prática, a disposição de voltar ao lar que foi de seus pais e avós. Foram recebidos à bala na Faixa de Gaza e nas fronteiras com o Líbano e a Síria, onde conseguiram furar o bloqueio e entrar na aldeia de Majdal El Shams, nas Colinas de Golã.

Analistas da imprensa israelense e do governo de Tel Aviv não esconderam os temores que as ações amplas e combativas dos palestinos despertam em Israel. Um editorialista diz que a nova tática de luta dos palestinos representa os "piores pesadelos de Israel" ao trazer a questão dos refugiados às portas do Estado sionista. E o ministro Yossi Peled, que é militar e membro do Likud, um partido da direita israelense, tentou passar um recibo ameaçador desse temor, dizendo que Israel deve "impedir a qualquer custo a violação de sua soberania e a inundação do país por massas de infiltradores", mesmo que tenha “que pagar um preço na arena internacional".

Tais declarações revelam a disposição dos sionistas israelenses para recrudescer a repressão contra os palestinos, povo que na verdade pretendem eliminar. Se conquistaram pela guerra de agressão as posições dominantes que hoje ocupam nos territórios palestinos, isto não significa que sempre conseguirão realizar os seus propósitos a partir de novas guerras.

Os palestinos, embora militarmente inferiores, têm demonstrado infinita capacidade de resistência, revelando ao mesmo tempo que têm moral mais elevado, prestígio e força política na arena internacional, pois contam com a simpatia dos povos e das nações que não se deixam levar pela diplomacia do dólar nem das armas do imperialismo estadunidense.

É preciso fazer soar um enérgico basta às ações repressivas do sionismo fascista israelense e hipotecar toda a solidariedade à luta pela libertação nacional do povo palestino, apoiando o propósito de sua Autoridade, a ANP, e das organizações políticas palestinas de proclamar já a criação do seu Estado independente. O dia 15 de maio de 2011 será lembrado como um marco desta luta.