Adeus Microsoft; Vermelho é software livre

A partir desta terça-feira (11) o www.vermelho.org.br passa a usar software livre em todo o seu conteúdo (exceto o arquivo de notícias anterior a abril de 2006). O Vermelho encara a data como um marco em sua história.

Desde o Manifesto Vermelho, que marcou seu nascimento, o portal proclamou sua defesa "da programação livre e não do monopólio da Microsoft". Circunstâncias de ordem prática retardaram por sete longos anos o ingresso do portal do galo no multitudinário coletivo do gnu e do pinguim Tux. A partir de hoje, essa incoerência fica sepultada, com um definitivo adeus ao software proprietário.

É uma identidade de princípios que motiva o compromisso com os programas de computador de livre uso, modificação, cópia e distribuição. O Vermelho faz suas as palavras do pioneiro do movimento, Richard Stallman, para quem "a base filosófica do software livre pode ser resumida em três palavras: liberdade, igualdade e fraternidade. Liberdade, porque seus usuários são livres. Igualdade, porque todos gozam das mesmas liberdades. Fraternidade, porque encorajamos cada um deles a cooperar na comunidade."

A internet é a face mais visível de uma revolução comunicacional em curso. Esta revolução, de sentido libertário e humanista, esbarra a cada passo nas amarras impostas pela propriedade capitalista em geral, pela propriedade intelectual capitalista e o software proprietário em particular. É compreensível e até inevitável que a web tenha se tornado cenário de um gigantesco movimento planetário que denuncia, contesta e supera dia após dia estes grilhões.

O Movimento do Software Livre é social e ético, mas objetivamente também político, no sentido mais profundo e elevado da palavra. Representa um tapa na cara do antigo regime, da mesma estirpe intelectual do Renascimento e do Racionalismo em séculos passados. É também, hoje, uma força econômica real que atua para democratizar e universalizar o acesso à informação e ao saber.

O Brasil é um dos países onde o movimento mais se difundiu e avançou. Porto Alegre sedia o Fórum Internacional Software Livre há dez edições – a última delas marcada pelo abraço do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no sueco Peter Sunde, criador do The Pirate Bay, famoso portal de compartilhamento de arquivos torrent.

O Movimento do Software Livre no Brasil e no mundo tem sido um tema permanentemente em pauta no Vermelho. Ao mesmo tempo, a força do movimento brasileiro foi um estímulo e um facilitador do passo que o portal dá hoje.

A passagem ao software livre pretende ser o primeiro passo de uma fase nova do Vermelho, marcada pela inovação. Outros passos virão. Se a internet é a ponta de lança de uma revolução comunicacional que não conhece trégua e se torna mais vertiginosa a cada dia, compete ao Vermelho proclamar, tal como Karl Marx na conclamação final da Mensagem do Comitê Central da Liga Comunista (1850): “Nosso brado de guerra deve ser: Revolução permanente”.