A unidade em 2012 e as aspirações dos partidos

A resolução aprovada nesta terça-feira (13) pela Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores sobre a eleição municipal de 2012 é da mais alta importância e precisa ser levada em conta neste momento em que as forças políticas começam a colocar sobre a mesa suas cartas para aquele pleito.

A resolução aprovada diz, com justeza, que será “para sustentar e ampliar o apoio ao nosso projeto nacional que entramos na disputa eleitoral de 2012”, encarada como “um momento de unidade programática com nossos aliados, compreendendo a necessidade de alianças que devem levar em conta a legítima aspiração de cada partido ao seu crescimento e a posição relativa de força de cada um na sociedade”.

A aspiração de unidade tem o objetivo de fortalecer o núcleo das forças democráticas e progressistas comprometidas com o projeto de mudança política, econômica e social em curso desde a posse de Lula em 2003.

São forças políticas que ganharam musculatura no novo cenário que se descortina no país desde então, paralelamente ao declínio visível das forças conservadoras e neoliberais, retratado pela derrocada de legendas como o DEM e também pelas dificuldades aparentemente incontornáveis do PSDB. E mesmo do PSD de Gilberto Kassab, que não se consolidou ainda como a tábua de salvação para o projeto conservador, vindo a ser apenas – tudo indica – um bote para recolher náufragos daquele projeto e propiciar-lhes uma saída para seus projetos políticos pessoais.

A unidade das forças que apoiam o governo, entretanto, exigirá uma engenharia política criadora, cujo esteio estratégico precisará desembocar no fortalecimento da aliança a nível nacional visando 2014 e a continuidade do projeto de desenvolvimento nacional e afirmação soberana do país que está em curso e precisará ser reafirmado na sucessão ainda longínqua da presidente Dilma Rousseff.

Anuncia-se que o PT terá candidaturas próprias em 14 capitais na eleição do ano que vem, com nomes já definidos. E que poderá apoiar o PMDB no Rio de Janeiro (RJ), Vitória (ES) e Manaus, caso o senador Eduardo Braga seja candidato. Em Belo Horizonte e em Maceió seguirá as candidaturas do PSB; poderá apoiar o PTB em Teresina (PI) e o PDT em Maceió (AL). Anuncia-se também que apoiará o PCdoB em Florianópolis (SC), e São Luís (MA) se o comunista Flávio Dino for candidato; em Manaus, se Vanessa Grazziotin for a candidata.

O crescimento e a melhoria no desempenho eleitoral dos partidos da base aliada fortalecem a democracia brasileira. Revelam também, além das legítimas aspirações de cada partido a seu crescimento, como diz a resolução da direção nacional do PT, realidades locais que se expressam através da variedade das forças políticas aliadas. Indicam além disso aspirações do eleitorado que precisam ser levadas em conta nesta engenharia política delicada.

Os dois casos emblemáticos são as prefeituras de Porto Alegre e de São Paulo, estratégicas para o fortalecimento de qualquer projeto político que olhe para além de 2014.

Em Porto Alegre, a aspiração pela eleição da comunista Manuela D’ Ávila é antiga e está cristalizada em seu bom desempenho eleitoral nos pleitos de 2008 (prefeitura) e 2010 (Câmara dos Deputados). Em São Paulo, Netinho de Paula firmou-se com destaque no cenário desde a disputa de 2010 para o Senado, mantendo o desempenho nas pesquisas recentes que o colocam em empate técnico na liderança da disputa. O apoio do PT será importante para eleger Manuela D’Ávila em Porto Alegre.

A eleição de prefeitos progressistas representando um variado leque partidário da base de sustentação do governo Dilma é aspiração legítima e algo necessário para o fortalecimento de cada um desses partidos e para a implementação das reformas estruturais que a nação reclama.

Como os demais partidos da base (PT, PSB, PDT e PMDB), o PCdoB pretende, e planeja, crescer. Tem nomes apreciáveis na disputa pelas prefeituras que devem ser considerados como candidaturas viáveis da base de sustentação do governo Dilma.