A política externa a serviço dos interesses estratégicos do Brasil

Ao terminar este quinto ano de aplicação de uma política externa voltada para os interesses estratégicos do Brasil, pode-se chegar à conclusão que o caminho percorrido pelo Itamaraty efetivamente proporcionou elementos que contribuem para o desenvolvimento, a soberania e a integração regional do país. As relações internacionais têm sido praticadas tendo em vista objetivos de longo prazo. Como bem situou o Ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, em artigo publicado neste final de ano, “houve notável intensificação do diálogo político, do comércio e da cooperação com os países da América do Sul.Avançou a integração dos setores estratégicos de infra-estrutura, com projetos como a rodovia que ligará o Acre ao Pacífico e o Corredor Inter-oceânico Brasil-Bolívia-Chile, entre outros. Concluímos acordos comerciais que vinham sendo postergados há muitos anos e que hoje estabelecem, na prática, uma área de livre comércio na região. Criamos novas instituições para estimular a integração, como a Comunidade Sul-Americana de Nações, hoje Unasul, e o Banco so Sul.”


 



A ênfase desta política de integração regional certamente abrirá caminho para uma integração maior , latino-americana e caribenha. Com a adesão definitiva da Venezuela ao Mercosul neste 2008, a integração atingirá uma dimensão continental, do Caribe à Patagônia, assinalou o chanceler brasileiro em seu balanço da atividade do Ministério de Relações Exteriores. Essa vertente regional foi entendida como vital para a realização dos interesses brasileiros. A América Latina e o Caribe absorvem 26% do total das exportações brasileiras. “Sozinha, a América do Sul já é para nós um mercado maior que os Estados Unidos”, conclui Celso Amorim. A outra grande linha mestra das relações do EStado brasileiro é com os páises em desenvolvimento, especialmente as parceriais com a Rússia e a China, a Índia e a África do SUl, além de muitos outros países africanos, continente que o presidente Lula já visitou sete vezes desde o início de seu primeiro mandato. Estes países em desenvolvimento compram, hoje, cerca de 55% das exportações do Brasil.


 


 


No plano das instituições multi-laterais, o país deu importância à tarefa de promover uma reforma abrangente ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. Nesse rumo tem atuado em parceria com o chamado G-4 (Alemanha, Brasil, Índia e Japão). A meta é conferir maior representatividade, eficácia e legitimidade ao Conselho de Segurança, que vem sendo sistematicamente desautorizado pela política unipolar e imperialista dos Estados Unidos. O Brasil contribuiu, neste período, para a criação do Conselho de Direitos Humanos e da Comissão de Construção da Paz. Estes instrumentos contribuem para o tratamento multilateral de questões internacionais como a de situações em países recém saídos de conflitos como foi o caso do Timor-Leste, da Guiné-Bissau e do Haiti. O Brasil também promoveu a primeira cúpula América do Sul-Países Árabes, e já é possível registrar o fato de que as exportações brasileiras para os países árabes triplicaram neste último período.


 



Ao lado deste esforço por estreitar as relações com os países em desenvolvimento, a chancelaria brasileira buscou o relacionamento com os países desenvolvidos, com a América do Norte e a União Européia. Na Organização Mundial de comércio, OMC, o Brasil obteve vitórias importantes em contenciosos comerciais sobre o algodão e o açúcar contra os EUA e a União Européia. O país continua lutando por um resultado mais justo e equilibrado para a Rodada de Doha. O presidente Lula envolveu-se pessoalmente no lançamento do programa Ação contra a Fome e a Pobreza, estimulando mecanismos de financiamento internacionais. Desta maneira, no que se refere à política externa, o Brasil cumpre um papel extraordinário para a construção de um projeto nacional de desenvolvimento, na busca incessante pela paz mundial, pela solidariedade internacional e pela integração latino-americana.