A “onda Dilma” precisa envolver eleição para o Congresso

O anúncio, no sábado (21), da dianteira de 17 pontos percentuais alcançada por Dilma Rousseff nas pesquisas eleitorais sobre o candidato da direita à Presidência da República, José Serra (segundo o Datafolha, ela tem 47% das preferências, contra 30% do tucano) aprofundou o desânimo e a apatia na campanha da oposição. E, simultaneamente acendeu a luz verde para outra disputa, que ganha destaque: a luta para derrotar a direita e os conservadores também na Câmara dos Deputados e no Senado.

A perspectiva de crescimento, nas duas casas legislativas, das bancadas dos partidos que apoiam o governo do presidente Lula já se delineava há algum tempo. Um levantamento recente feito pelo Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) confirma essa perspectiva de forma mais concreta e revela que haverá uma renovação de metade dos deputados federais, como vem ocorrendo nas últimas eleições, e de mais da metade no Senado.

Mostra também que o grande perdedor nesta eleição será o Democratas, que sairá das urnas reduzido a um tamanho muito próximo à importância que mantém na conjuntura atual. Há quem diga que, na melhor das hipóteses, o DEM vai eleger no máximo 45 deputados, perdendo a condição de partido grande.

O DEM é o herdeiro direto da ditadura militar que conseguiu manter, ao longo destes 25 anos depois do fim daquele regime de arbítrio, uma influência política bastante grande. Ele é um dos ramos em que o PDS (Partido Democrático Social, ex-Arena, o partido da ditadura de 1964) se dividiu na eleição de Tancredo Neves em 1985, formando o PFL (Partido da Frente Liberal) que, depois, adotou o nome de Democratas. Foi graças ao rompimento com os generais que conseguiu essa sobrevida extensa para as forças da direita representadas por nomes como o falecido Antonio Carlos Magalhães, Jorge Bornhausen, Marco Maciel, entre outros. É o último representante direto da ditadura que conseguiu sobreviver entre os grandes partidos até a eleição deste ano e, agora, está na iminência de naufragar. A opinião unânime dos analistas diz que será o principal perdedor na eleição deste ano.

O Congresso que toma posse em 2011 poderá ter alterações que indicarão uma nova correlação de forças no país. Hoje, as três maiores bancadas da Câmara dos Deputados são do PMDB, do PT e do PSDB. Tudo indica que continuarão sendo, mas a ordem de importância vai mudar. O PT poderá ficar no primeiro lugar, seguido pelo PMDB, com o PSDB em terceiro lugar.

No Senado, o PMDB tem hoje a principal bancada, seguido pelo PSDB, DEM e com o PT em quarto lugar. Em 2011 essa situação pode mudar, com o PMDB mantendo a liderança, seguido pelo PT e deixando os tucanos em terceiro lugar e os demos em quarto.

Uma indicação do avanço previsto é a estimativa de crescimento das bancadas do Partido Comunista do Brasil que poderá, este ano, eleger mais de 15 deputados federais e três senadores.

A "onda Dilma", que vai se espalhando pelo país já desde a primeira semana do início da campanha eleitoral na televisão, precisa envolver também o Congresso Nacional, principalmente o Senado, que tem sido a principal trincheira da oposição contra as mudanças efetuadas desde a posse do presidente Lula, em 2003.

O Congresso é a instituição onde estão os conservadores mais estridentes, os mais loquazes porta-vozes da direita, que usam a tribuna e seus mandatos para produzirem factóides políticos retrógrados que, depois, são amplamente repercutidos pela imprensa do grande capital.

São ferozes defensores do retrocesso neoliberal e de medidas contra o povo, a democracia e a nação. Usam seus mandatos para defender interesses particulares dos grupos que representam, desdenhando toda iniciativa cujo objetivo seja o desenvolvimento nacional, a quebra dos privilégios, a ampliação dos direitos sociais e da participação popular. São sobrevivências de um passado que o Brasil luta para superar, contra o qual tem conseguido avanços significativos desde a eleição do presidente Lula, em 2002.

Para o Brasil continuar no mesmo rumo atual e aprofundar as mudanças com novos ganhos que beneficiem os trabalhadores, a cidadania e a economia nacional, o poder desses grupos precisa ser derrotado. Isso depende fundamentalmente da luta dos brasileiros e da manifestação de sua vontade de mudança ao escolher seus candidatos para deputados e senadores em 3 de outubro. Para avançar, os brasileiros precisam eleger Dilma e, junto com ela, parlamentares em todos os níveis comprometidos com o programa de mudanças que ela representa.