A ofensiva política do governo

O Ministro Alexandre Padilha é da corrente do PT que ele mesmo denomina lulista. Tem 38 anos e é médico infectologista formado pela Universidade de Campinas. Foi tesoureiro da UNE na gestão Lindberg Farias e foi nomeado em outubro Ministro de Relações Institucionais no lugar de José Múcio, indicado para o Tribunal de Contas da União. Logo iniciou um conjunto de contatos e reuniões políticas com todos os partidos políticos com representação no Congresso Nacional.

O Ministro Padilha participou, na última semana de outubro, da reunião semanal da bancada comunista na Câmara dos Deputados. Se apresentou aos membros da bancada dizendo ter aprendido a respeitar o PCdoB ao longo de sua trajetória política, desde os tempos da luta contra a ditadura. Durante a crise de 2005 – quando o governo Lula e o PT sofreram violenta campanha difamatória – esteve ao lado de Aldo Rebelo, Orlando Silva entre outros líderes que dirigiam o movimento estudantil, para enfrentar a onda denuncista e defender o Governo e o PT. Ressaltou também que o PCdoB foi o único partido que esteve sempre ao lado de Lula em todas as campanhas presidenciais desde 1989. O Ministro resumiu da seguinte forma as principais preocupações do atual comando político do Planalto:

a) Consolidar a superação da crise mundial, politizando o discurso no enfrentamento de suas conseqüências e garantindo o emprego dos trabalhadores. A virada no campo das relações comerciais com o exterior foi notável: antes da crise, 34% de nossas exportações eram para o mercado americano, e agora este nível passou para apenas 14%. Nas relações com os EUA/Europa/Japão, o volume de comercio era de 65%, enquanto hoje o Brasil exporta 65% de sua pauta de mercadorias com os chamados países emergentes.

b) Consolidar as conquistas dos dois mandatos do Governo Lula até agora, especialmente a consolidação das Leis Sociais (que deverá ser concebida como o foi a CLT em relação às leis trabalhistas), a relação do governo Lula com os Movimentos Sociais e o estabelecimento de vários marcos legais nesta área.

c) A construção do futuro político, com a elaboração do novo projeto de governo que possa dar continuidade à obra iniciada em 2003, sendo que o governo está certo de que a melhor forma de entrar na campanha de 2010 é a polarização de projetos, a comparação do projeto PSDB-DEM contra o projeto do campo do atual governo Lula.

Além destas questões, o Ministro Padilha insistiu na necessidade de se estabelecer uma agenda de votações importantes até o final do ano, onde existem poucas janelas de voto em plenário. O voto prioritário, disse, é o da redução da jornada semanal de trabalho para 40 horas. E também o que assegura o direito de negociação dos funcionários públicos. Mas firmou o compromisso de negociação com todas as centrais sindicais, sem exceção, em torno destes temas. O Ministro se prontificou a levar em conta as opiniões dos Partidos da base para levar adiante os projetos do Governo. Para enfrentar a grande batalha ideológica e política de 2010, será preciso que estes partidos que apóiam decididamente o desenvolvimento soberano da nação, com valorização do trabalho, da ciência e da tecnologia, se fortaleçam e cresçam no Senado, na Câmara dos Deputados e no movimento social.