A ideologia bolsonarista por trás da queda do IDH no Brasil

A posição do Brasil em 2019 no cálculo para as colocações no ranking mundial de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) merece reflexões. Pelos critérios adotados – que abrangem saúde, renda e escolaridade e medem o bem-estar da população – o país está em 84º lugar entre 189 nações. A ONU destaca a falta de avanços na educação como responsável pelo índice brasileiro, além de alertar para a alta desigualdade de renda e de gênero.

Essa posição indica que o Brasil caiu cinco posições, com uma evolução de 0,003 em relação a 2018, considerado pelo Pnud como crescimento lento, ultrapassado por outros países que tiveram melhor desempenho. De acordo com o relatório, o período de permanência das pessoas na escola ainda é o mesmo de 2016, de 15,4 anos.

A média de anos de estudo teve uma pequena alta, de 7,8 anos em 2018 para 8 anos em 2019. Outro dado relevante é que o país ocupa a 6º posição entre os países da América do Sul, atrás de Chile, Argentina, Uruguai, Peru e Colômbia – os dois últimos estavam abaixo e empatados com o Brasil no ranking de 2018.

Quando são incluídos índices relacionados à desigualdade, o Brasil tem uma queda ainda maior, perdendo 20 posições. O IDH brasileiro, que é de 0,765, cai para 0,570, uma redução de 25,5%. Na questão de gênero, o país também amarga posição crítica, ficando na 95ª posição do Índice de Desigualdade de Gênero (IDG), um ranking que inclui 162 nações.

São dados que refletem o crônico problema social brasileiro. O país sempre foi caracterizado por políticas públicas tímidas e insuficientes, mas a força da ideologia neoliberal à brasileira, com fortes traços escravocratas, acentuou essa tendência. Questões como saúde, segurança, educação e infraestrutura são sempre subordinadas à função do Estado como ente gerenciador do mercado financeiro especulativo, a velha e ineficiente teoria de que um governo com rígidos controles fiscais garante investimentos privados em profusão.

A política monetária definida por metas arbitrárias de inflação, câmbio e juros ignora o potencial de uma economia, cheia de riquezas naturais e de industrialização média. Baseada em teses ditas únicas, desde que apareceu no país os resultados foram melancólicos. Mais uma vez, os frutos desse desastre aparecem por toda parte – desemprego em massa, quebradeira de empresas e precariedade dos serviços públicos.

Essa posição do Brasil no ranking mundial de IDH é apenas mais uma constatação dessa dura realidade.  Diante disso, o que faz o governo Bolsonaro? Propõe um salário mínimo sem aumento real em 2021 e extingue o auxílio emergencial aos mais pobres quando a pandemia volta a piorar, além de tentar retirar dinheiro do Fundeb.