A escalada de mortes e a CPI da Covid-19

Foto: Silvia Izquierdo/AP

O alarmante número de óbitos pela Covid-19 no Brasil, que atingiu 450 mil, nesta segunda-feira (24), infelizmente pode ser registrado como mais uma cifra na escada do morticínio decorrente sobretudo da irresponsabilidade do governo Bolsonaro. As projeções são de que, mantida a vacinação lenta, agravada pelo relaxamento das medidas de prevenção e isolamento social, essa escalada poderá chegar a 750 mil óbitos até o fim de agosto.

A situação do Brasil em relação aos demais países revela o grau de descaso do governo Bolsonaro. O país vai se consolidando na posição isolada de pior em termos de negligência em relação à pandemia, a começar pelo comportamento do presidente, que em lugar de administrar a situação prefere desfilar cinismo e provocações em passagens circenses por diferentes estados. Sua performance é apenas a continuidade da postura de absoluta indiferença quanto ao drama vivido pela nação.

A CPI da Covid-19 já demonstrou a gravidade do problema e o grau de responsabilidade do governo. A questão agora é encontrar o caminho que leve à contenção dessa escalada, que passa pela via política para chegar ao ponto central – a administração da economia. Bolsonaro se vale da precariedade econômica do país para justificar sua convicção de que a pandemia não é algo que deve ser enfrentado pela ciência, sobretudo com a vacinação em massa.

As duas medidas que seriam urgentes, a busca de meios para a vacinação e os recursos para conter a propagação da contaminação, dependem fundamentalmente de ações no campo econômico. Sem uma mudança na condução da política econômica, direcionando os recursos do Estado preferencialmente para o controle da pandemia e o tratamento dos vitimados por ela, a perspectiva de reversão desse quadro são remotas.

Ao mesmo tempo, essa seria a condição para o país retomar suas atividades dentro de relativa normalidade, tendo em vista a recuperação da economia, atingida pela crise econômica global e pelo desastre causado pela adoção de medidas de contenção orçamentária de acordo com os dogmas do neoliberalismo.

Essa lógica do circuito de acumulação financeira pelo parasitismo do orçamento público está na essência da grave crise pela qual passa o país, a causa principal do descontrole da propagação da pandemia, que se soma à crença vulgar do bolsonarismo de que a vacinação não é prioridade absoluta. As medidas que se apresentam como promissora para se enfrentar essa calamidade estão vindo à tona na CPI da Covid-19, que merece amplo respaldo dos que se opõem a esse governo genocida.