A derrota bolsonarismo e o desafio do segundo turno

O resultado pífio do bolsonarismo nas urnas em centros importantes do país é um saldo que pode ser contabilizado como altamente positivo no primeiro turno das eleições municipais. A lista do fracasso bolsonarista é comprida. Dois exemplos, todavia, bastam. Na cidade de São Paulo, Celso Russomanno (Republicanos), assumidamente aliado do presidente da República, passou por um processo de definhamento e acabou com uma fraca votação. No Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), igualmente alinhado com Bolsonaro, passa para o segundo turno com uma votação bem abaixo do primeiro colocado, Eduardo Paes (DEM).

Nas cidades em que o bolsonarismo foi ao segundo turno – como Rio de Janeiro, Belém, Vitória, Fortaleza e Aracaju –, a tendência é de formação de um amplo leque de forças para derrotá-lo. O isolamento verificado em âmbito nacional tende a impulsionar as demais forças no sentido de impedir que essas cidades caiam no retrocesso no segundo turno.

Esse dado conta muito para o resgate do valor da atividade política, que passou por um processo de criminalização recente, abrindo caminho para a extrema direita e seus métodos autoritários, com ameaças constantes, pelo presidente da República, de ruptura com o Estado Democrático de Direito. A votação desse primeiro turno mostra que o engodo da chamada “nova política”, na verdade a negação da política, propalada por Bolsonaro e seus aliados, vem sendo desmascarado.

Um primeiro apanhado sobre o desempenho dos partidos e campos políticos aponta que a direita neoliberal, entre ela legendas que mostram alguma contradição com o bolsonarismo, ou se opõem a ele abertamente, ganharam espaço.

Ao mesmo tempo, a esquerda e a centro-esquerda, a partir das capitais e outras cidades importantes, começaram a recuperar prestígio entre o eleitorado. Os resultados de Porto Alegre, São Paulo, Belém, Recife, Fortaleza, Vitória, entre outras, demonstram isso. As forças progressistas e democráticas são chamadas, agora no segundo turno, a se convergirem na construção de amplas alianças visando a vitória de candidaturas que ajudem a aprofundar a derrota do bolsonarismo.