…"nós somos de Ponta de Pedras, na ilha do Marajó /
onde se faz sucesso de carimbó."
Eu os conheci com o nome de papagaios. Mais tarde, soube que também os chamavam cometas. Posteriormente, soube que também os chamavam de pipas. Já vi muita pipa bonita, como aquelas que minha amiga Mary viu no Autódromo de Interlagos, há vinte e poucos anos!
Se um dia papai voltasse, eu tentaria viver com ele tudo aquilo que sempre quis e nunca aconteceu. Ah, se eu pudesse voltar o tempo! Papai iria brincar comigo. Não chegaria cansado, nem estressado, nem nervoso, nem dopado, nem triste. A luta, para seus filhos terem alguma coisa no futuro, não o deixou viver o presente.
A cúpula acadêmica das universidades goianas teima em ignorar a produção literária local. Estão aí as listas dos autores e livros indicados para o vestibular. Nenhum goiano. Minto. Há o Flávio Carneiro com seu livro de contos sobre futebol. Afinal, a terra é de carnaval, futebol e cachaça.
Faz alguns anos que Yêda Schmaltz fez a passagem para a eternidade – aqui e alhures, pouco ou nada dela, mesmo sendo uma voz tão exponencial na poesia brasileira feita em Goiás – fato reconhecido em nível internacional, mesmo não tendo a poetisa entrado no circuito das editoras de renome. Também pudera! Em nosso tempo soterrado pela mediocridade, só se destaca e tem espaço o que é mundano, frívolo, trivial ou superficial.
A editora Companhia das Letras relançou, em edição de bolso, um importante livro da poesia brasileira dos anos 50. Trata-se de O homem e sua hora, do poeta e crítico literário piauiense Mário Faustino.
O projeto maior do processo civilizatório da Idade Moderna talvez esteja expresso numa frase do alemão Goethe, escrita há pouco mais de 150 anos: “A civilização elimina a barbárie”. Sabemos que não é tão simples assim, pois seu país de poetas e pensadores, sua cultura tão refinada e seleta, infelizmente provou o contrário.