A esquerda bem informada
A esquerda bem informada

Paulo Tedesco

Escritor, consultor e professor de produção escrita editorial
Nada como água para a crise

Em tempos de descalabro da cultura brasileira, momento talvez ainda pior do que nos primeiros meses do malfadado Collor de Melo, quando foram extintos muitos órgãos promotores da cultura, vivemos, nesse exato momento, mais um desenfreado ataque neoliberal à promoção da cultura no país.

A crise dos aventureiros do livro

Não há crise de leitura, definitivamente. A crise do livro é sim pela saída das compras governamentais do cenário econômico e isso não é nada novo há anos. Quase 50% do total de exemplares vendidos em todo o Brasil era parte das ações governamentais, e isso acabou já vem tempo. O que está em crise é o modelo das tais “megastores” para a venda de livros.

É a democracia que querem matar

Aquele que agride, aquele que queima livros, que ameaça com a mão-de-ferro, jamais terá a razão, porque a chance da sua mão-de-ferro voltar-se contra si e contra os seus é enorme, não sem antes haver prejudicado uma geração inocente e indefesa.

Livro para presidente

E chegamos à reta final das eleições de amplo alcance no Brasil. Elegeremos deputados estaduais, governadores, deputados federais, senadores e o presidente da República. Isso num país continental feito o nosso, que sem dúvida nos torna uma das maiores democracias do mundo, e possivelmente única, nesta dimensão, com voto direto e por via eletrônica. Logo, preciso reconhecer que não é pouco, não é nada pouco.

A importância de Montag

Passei o mês de junho e parte deste julho refletindo sobre voltar a escrever sobre o mercado editorial. E isto se deu porque as notícias do encolhimento do mundo do livro em números reais e palpáveis foram assustadores e pareciam longe de um soluço, ficando mais para algo em queda permanente e irremediável.

Os livros e a liberdade frente ao ódio

Nas épocas de crise é que o livro ganha valor, em especial quando a crise anda a conquistar as formas que todos assistem: manifestações de ódio e ameaça de violência gratuita, respaldados pelo desejo de rearmar indiscriminadamente o povo e transformar, em segundos, situações pacíficas em violência real e sangrenta, onde vítima e criminoso se confundem.

Doação é enganação

A miséria é aquela linha abaixo da pobreza onde a indigência, ou seja, o ato de mendigar e esmolar é espécie de ação maior do miserável. Logo, a melhor maneira de se manter alguém ou algo na miséria é manter a rotina da esmola e do favor. Nunca, portanto, dê condições se quiseres manter alguém escravo.

Por uma equação para a leitura

Foi lendo a 1ª edição do Contos Reunidos de Fiódor Dostoiévski, da Editora 34, que a conclusão tomou-me de assalto: para ler mais e melhor é preciso de dois vetores, tempo e disposição. Simples e sem qualquer fórmula. A humanidade precisa de tempo e disposição para melhorar e aumentar o volume de leitura.

O brasileiro lê muito

O brasileiro não lê pouco, pode ler mal ou não comprar livros como se gostaria, mas a média de leitura nacional é muito boa, do contrário, não seríamos uma das nações que mais frequenta redes sociais no mundo, onde se usa o texto como a principal forma de comunicação, e nem teríamos tiragens de best-sellers na casa dos milhares quando não milhões.

Livros para nichos

Anunciar tresloucadamente no Facebook, torrar a paciência dos amigos nas redes sociais e aparecer até no boteco da esquina com o livro embaixo do braço, não faz ninguém ficar conhecido, tampouco melhorar a visibilidade da obra.

Das aventuras e fascinações

Uma das fascinações que herdei como leitor é daquelas que somente um livro de aventuras poderia trazer.

A Liberdade não é vulgar

Precisamos falar de liberdade. Porque de repente liberdade passou a ser a palavra mais repetida no Brasil. No mundo do livro, quando se fala em liberdade, se fala em “leitor sensível”, se fala em pirataria, em livre acesso, também em monopólio de vendas, em restrição a títulos, em cerceamento de leitura por títulos “ofensivos”, e por aí vai.

1 2 3 7