Você sabia que Ho Chi Minh já esteve no Brasil?

Em sua mensagem pelo Brasil, o líder revolucionário do Vietnã teve contato com líderes sindicais dos marinheiros.

No início do século XX, por volta dos anos 1912 e 1914, o maior líder da libertação do povo vietnamita, Ho Chi Minh, passou alguns meses no Rio de Janeiro. Este que é um dos quadros políticos mais destacados do movimento comunista internacional, naquela época com apenas 21 anos, sofreu de uma doença a bordo do navio Latouche Tréville, no qual havia se empregado como cozinheiro em sua passagem pelo Vietnã. Seu plano era conhecer o mundo e as grandes potências coloniais que exploravam cruelmente vários países da Ásia, da África e da América Latina, extraindo riquezas naturais e escravizando povos inteiros para retirar dali o lucro para suas grandes empresas colonialistas.

A busca para compreender como se dava a exploração colonial naquele período — e os métodos utilizados pelos países imperialistas — não havia sido mérito apenas de Ho Chi Minh. Vários jovens destacados de muitos países que sofriam com o domínio colonial procuravam formas semelhantes de conhecimento. Só para lembrar alguns exemplos, podemos citar os nomes de Sun Yat Sen, fundador do Kuomintang (o Partido Nacionalista da China), Chu Enlai e Deng Xiaoping, que viajaram na mesma ocasião para a França, onde foram estudar e se preparar para depois liderar a fundação do Partido Comunista da China, em 1921. Da mesma maneira ocorreu com Kim Il Sung, líder coreano, que também esteve na Europa e foi o fundador do Partido do Trabalho da Coreia, assim como vários outros estudantes forjados no movimento anti-imperialista e anticolonialista.

O itinerário de Ho Chi MInh, no entanto, começou por países que estavam sob domínio do imperialismo, como as nações da África e da América Latina. Nessas viagens, o líder vietnamita pode conhecer de perto como se dava a exploração concreta.  O Brasil ainda vivia sob o regime do escravismo colonial. Foi nesta situação que Ho Chi Minh foi obrigado a viver durante alguns meses na cidade do Rio de Janeiro, onde procurou se tratar da saúde, que o impedia de continuar sua trajetória pelas costas brasileiras.

Como o Brasil recebia milhares de imigrantes de todo o mundo, doenças como a provocada pelo vírus da cólera, entre outras epidemias, eram comuns nessas regiões portuárias. Ho se instalou no bairro de Santa Tereza e começou a trabalhar num restaurante da Lapa.

Foi assim que ele conheceu um líder sindical portuário pernambucano chamado José Leandro da Silva. Leandro era um marinheiro negro que ousou se levantar contra as lideranças comerciais racistas daquela época. A Revolta da Chibata havia acontecido dois anos antes. Esta convivência com o movimento dos trabalhadores portuários do Rio de Janeiro deixou marcas profundas em Ho Chi Minh, como se pode inferir de pesquisas realizadas pela Universidade de Hanói sobre esse período em que viveu no Brasil. Anos depois, Ho escreveu um artigo lembrando suas experiências no Brasil, e desta forma pode-se dizer que levou em conta o quadro de grande desigualdade social reinante no país, e a capacidade de resistência dos movimentos dos marinheiros cariocas.

Recuperado da doença que lhe acometera, o líder vietnamita seguiu viagem e ainda deu uma breve parada no porto do Recife, em Pernambuco, antes de chegar aos Estados Unidos da América, onde trabalhou em Boston, num hotel considerado o mais antigo em funcionamento contínuo dos EUA, e depois ainda ficou um tempo em Nova Iorque, no bairro do Harlem. Na América, ficou muito impressionado com a luta dos negros contra a segregação racial e pela igualdade, sendo que os atos perpetrados pela organização Ku Klux Klan, um movimento racista até hoje em operação, lhe deram inspiração para vários textos de denúncia da violação dos direitos humanos na pátria que se dizia a Terra da Liberdade.

Dos Estados Unidos Ho Chi Minh seguiu para Londres e finalmente se instalou em Paris, na França, onde iniciou sua participação política mais institucionalmente, filiando-se primeiramente no Partido Socialista Francês e quando se estruturou o Partido Comunista da França participou de sua fundação.

Mais informações sobre a saga do líder vietnamita, procure o livro editado pela Editora Anita Garibaldi e pela embaixada do Vietnã chamado: Ho Chi Minh, Vida e obra do Lider da Libertação Nacional do Vietnã, já em segunda edição

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