Um feito histórico para a classe operária
Está em curso uma iniciativa histórica para o movimento sindical. Pela primeira vez desde 1999 (governo FHC), entidades metalúrgicas de todo o País têm se reunido para traçar uma agenda comum e unificada de lutas. Em meio a um cenário tão adverso para o conjunto dos trabalhadores, essas entidades demonstram disposição para superar as diferenças entre si e construir os consensos necessários rumo aos embates.
Publicado 16/08/2017 09:38
As reuniões começaram sem alarde, no final de julho, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. Na opinião de todos os dirigentes participantes, uma série de fatores tende a empurrar o sindicalismo, nos dias de hoje, para uma fase de defensiva.
Não bastassem os efeitos da crise mundial do capitalismo iniciada em 2007/08, a categoria metalúrgica é vítima da desindustrialização da economia brasileira e de uma recessão recorde. Para manter seus lucros, os empresários investem na reestruturação produtiva e promovem uma ofensiva sem precedentes contra o emprego formal. A reforma trabalhista tira direitos e garantias dos trabalhadores, além de atacar o movimento sindical e a Justiça do Trabalho.
O resultado: desemprego em alta, precarização das relações de trabalho, campanhas salariais mais duras e desrespeito aos sindicatos. Desde 2014, segundo o Dieese, a categoria metalúrgica perdeu 544 mil empregos. Foi-se embora o ciclo virtuoso da Era Lula – em que o movimento sindical conquistou sucessivos aumentos reais, ampliação dos benefícios (sobretudo os econômicos) e a política de valorização do salário mínimo.
A união e a resistência das entidades metalúrgicas para enfrentar a turbulência consistem num imperativo inadiável. No caso da FITMETAL (Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil), trata-se da reafirmação de uma bandeira histórica. Desde nossa fundação, em 2010, defendemos a unidade do movimento sindical, em especial no setor industrial.
Ao aprovar sua filiação à CTB, em maio passado, a FITMETAL reforçou seu caráter classista e declarou, uma vez mais, que a luta das entidades metalúrgicas devia ir além da pauta trabalhista. Não por acaso, a CTB e a FITMETAL, em parceria com dezenas de sindicatos, lançaram, em julho, a Campanha em Defesa da Indústria Nacional, do Emprego e da Retomada do Crescimento Econômico.
Agora, a construção de um bloco metalúrgico estimula nossa capacidade de resistir, combater e vencer os desafios da atualidade. Além da Fitmetal, lideram essa iniciativa a CNM/CUT, a CNTM, a CSP-Conlutas, a Federação Democrática dos Metalúrgicos de Minas Gerais, a FEM-CUT, a FemetalMinas, a Intersindical e metalúrgicos da UGT. As entidades de base ligadas a essas organizações também estão mobilizadas.
Em pouco menos de um mês de debates, já avançamos na definição de duas agendas das mais importantes para a classe operária brasileira: a convocação, para 14 de setembro, de um Dia Nacional de Lutas e a realização, em 29 de setembro, da 1ª Plenária Nacional dos Trabalhadores da Indústria. Nas duas atividades, está prevista a participação de metalúrgicos de diversas centrais e tendências sindicais.
Com o lema “Unir e Resistir – Por Nenhum Direito a Menos”, essas entidades prometem fazer história na luta contra o fim de direitos e os retrocessos. Os sindicatos e as federações em campanha salarial já estão em alerta para impedir que as empresas imponham a reforma trabalhista. A ordem é lutar para que convenções e acordos coletivos sejam ratificados, ampliados e fortalecidos.
Mas a grande mobilização unitária das entidades é, sem dúvida, o trunfo que pode virar o jogo a favor da classe operária em geral e da categoria metalúrgica em particular. Que esse feito histórico ajude o movimento sindical a forjar um novo ciclo de êxitos e avanços.